sábado, 10 de junho de 2023

Pequenos nadas

 

Somos pequenos instantes

Nos lábios de uma gaivota

Somos momentos

Das noites estonteantes

Somos as palavras

Das palavras amantes

Somos pequenos nadas

Dos nadas…

Sobrantes.

 

Somo o poema na vagina da madrugada

Somos a flor

Somos o dia

E a noite…

Somos momentos

De pequenos instantes

E de um pequeno nada.

 

 

Francisco

10/06/2023

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Silêncio

 Não desistas,

Não desistas se tens sobre ti as nuvens cinzentas da dor…

Repentinamente,

As nuvens podem ficar transparentes…

E a dor…

Passageira.

 

Não desistas,

Não desistas se as árvores do teu jardim não têm pássaros…

Um dia…

Um dia poderão ter discos voadores.

 

Não desistas,

Não desistas se as tuas noites são um pesadelo…

Um dia,

Qualquer dia…

As tuas noites poderão ser o silêncio quando dança nas mãos de uma criança…

Não,

Não desistas.

 

 

 

 

Luís

05/06/2023

domingo, 4 de junho de 2023

Estrelas-do-mar

 

Não,

Não tenho pressa de beijar os teus lábios de mel,

Não tenho pressa,

Não tenho pressa de tocar nos teus olhos de mar,

Não…

Não tenho pressa,

Não tenho pressa de pegar na tua mão de Primavera…

E voar…

 

Não tenho pressa de escrever,

Não tenho pressa de desenhar…

Não,

Não tenho pressa,

Não tenho pressa de morrer,

 

Não tenho pressa,

Não,

Não.

Não tenho pressa de saber o dia exacto,

A hora exacta…

Do acordar das estrelas,

Porque elas vão acordar,

 

Não,

Não tenho pressa…

De tanta coisa…

De ter pressa…

 

 

 

Luís

04/06/2023

Nada

 Estava o sol

Estava a lua

Estava o filho de ambos

O sol queria a chuva

A chuva queria o sol

O filho da lua e do sol

Esse

Nada.

A lua queria a madrugada

O sol

Tal como o filho da lua

Nada.

Estava o sol

Estava a lua

Estava o filho de ambos

O sol escrevia nos lábios da lua

A lua inventava gemidos nos lábios do sol…

E o filho de ambos

Nada

Esse

Nada.

 

 

 

Francisco

04/06/2023

sábado, 3 de junho de 2023


 

Poemas dele, os poemas dele que eu amo

 Com este pedaço de carvão desenho nesta folha em papel que a vida me deixou, o poema que habita dentro de mim, não

Não são as equações dos momentos nem tão pouco as equações das tensões, aos poucos, de pequenos riscos, como gotinhas de água em direcção ao mar, crescem e nascem coisas, coisas minhas, coisas que me pertencem…, coisas que andam comigo.

Com este pedaço de cartão, enquanto a música dos Rolling Stones se masturba contra esta pilha de livros sobre mecânica estrutural e vigas e janelas viras para o mar,

Abro-a,

Abro a janela e…

E nada,

O mar não está lá.

E comprei-a como se dela visse o mar…

Mas não vejo,

Vigaristas.

Com este pedaço de carvão, desenho o mar, desenho o mar onde se escondem as estrelas, do mar onde vejo o meu cadáver a ler os poemas de AL Berto, do mar, daquele mar onde escondi o pedacinho de carvão, que sobejou do teu corpo,

Neste pedaço de papel, sem perceber que lá fora morrem crianças, morrem os pais das crianças, morrem as palavras e morrem as estrelas,

Do nada,

Até à glória,

E diziam que morreria cedo, tal e coisas, tal e nada,

Um pequeno sorriso,

Acorda,

Nesta pequena folha em papel,

E deste sorriso,

O silêncio em forma de geada,

Encolhido na minha mão…

Com este pedaço de carvão escrevo a madrugada, o poema invisível dos teus olhos de chuva domingueira, e mesmo sabendo que esta merda vai colapsar,

Acredito,

Muito,

Que um dia,

Qualquer dia,

O vento me abraçará como abraçou a Primavera, neste pedaço de carvão, desta folha triste e só, da noite às lágrimas,

E em poucos segundos,

Chão, a menina viga aleijou-se?

Não, sou parvalhão…

Claro que não.

E escrevo, e desenho, e penso…

 

 

 

 

Francisco

03/06/2023

Estrela entretida num simples olhar


 Deste silêncio pouco

Deste pouco nada

Ainda me sobram algumas palavras

Umas boas

Outras

Outras muito parvas

E muitos nadas.

 

Dos nadas

Todas as minhas palavras

E hoje a noite

A noite

Não a minha noite

Mas hoje a noite está triste

Já me atirou com lágrimas…

Com sorrisos de fúria…

Nem uma estrela para olhar

Ou

Outras…

Pedir um desejo.

 

E o que posso eu desejar

Que já não tenha desejado

Escrito

E desenhado

No entanto

Desejo

Muito

Não morrer de cancro.

 

 

 

Francisco

03/06/2023