Peço ao vento
Um amigo
Um amigo que informe o
outro senhor vento
Que não me traga mais
vento
E se me trouxer mais
vento
Que o faça com cuidado
Com carinho
E com amor de vento
Porque do vento que ainda
me resta
Pouco vento
Algum vento
Sem lamento
E no entanto
Estou sempre sem vento.
Peço ao vento
Um amigo
Um amigo de vento
Quando do outro vento
Regressam as palavras do
vento
E se virem o vento
Digam-lhe…
Que isto de andar pela
cidade ao vento
Sem trazer na mão
O outro vento
Não é tempestade
É stressante.
Peço ao vento
Um amigo
E um outro pedaço de
vento
Um amigo que não tenha
pensamento
Assim como o vento
Porque o vento não pensa
Porque o vento não sente
na cara…
Todo o outro vento.
Peço ao vento
Um amigo
Um cigarro de vento
E claro
O isqueiro resguardado do
vento
Depois encerro a minha
janela
Claro
Tudo por causa do maldito
vento
Do vento
Que não entendo
Porque está sem tempo
O pobre do vento
Que não pensa
Que não tem pensamento
Um amigo
Um triste cigarro de
vento
Enquanto isso
Do vento
Com vento
Este poema de vento e
sempre às ordens do mestre vento.
Peço ao vento
Sei lá o que pedir ao
vento
Chuva com vento
Sol sem vento
Pássaros enrolados no
vento
Ou uma simples sandes de
torresmos
E claro
Acompanhada com vento
Tinto.
Peço ao vento
Um amigo
Um amigo com muito vento
Um amigo entre tantos
soltos no vento
E quando o vento mo trouxer
Que seja durante a noite
E que não esteja muito
vento.
Um amigo
Um amigo de vento
Um amigo com as mãos no
vento
E a cabeça no outro vento
Enquanto
Sem penso
E sem pensamento
Este amigo de vento
Este meu pobre amigo de
vento
Que eu lamento
Foi-se com o vento.
Alijó, 13/04/2023
Francisco Luís Fontinha