Hei-de regressar deste mar revolto
Onde choram as minhas
acácias
Hei-de regressar desta
sombra
À terra camuflada dos
dias sem madrugada
Depois, morrerei nos teus
braços.
Morrerei nos teus braços
invisíveis
Em pedaços de papel envergonhado
Quando a noite se
entranha nos teus ossos
E sei que choras
Sobre a cadeira onde me
sento.
E desta caneta
Onde a minha mão esconde
a saudade
Encosto-me à tua lápide
de sono
Como um navio em busca da
montanha
Onde um rio curvilíneo morre
de paixão.
Hei-de regressar aos teus
ossos
Do pó que mergulha sobre
as sanzalas de prata
Com um fio de nylon
suspenso ao pescoço
Onde a luz se esconde
E o sol tem vergonha de
mim.
O meu caixão será uma simples
caixa de sapatos
Cartão reciclado das
árvores em ruína
Dos mistérios da minha fé
E nas minhas lágrimas
O meu corpo; deste mar
revolto.
Alijó, 19/11/2022
Francisco Luís Fontinha