quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Pulseira de insónia em raio de luz

 Sou a luz cansada do teu cabelo

Em protesto contra as árvores do teu sorriso

Sou a palavra em revolta

Quando as flores que brincam nas tuas mãos

São as pequenas nuvens do luar.

 

Não

Não desejo ser o mar

Não

Não desejo ser a chuva que desce no teu corpo

Mas quero ser o perfume

 

Que habita no teu peito.

Pulseira de insónia em raio de luz

Silêncio que desce esta triste calçada

E nos poemas que semeio

Acorda a madrugada.

 

A madrugada de ninguém

Apátrida deste rio encurvado

Que nas enxadas da solidão

Faz levantar os doces socalcos dos teus lábios

E traz os pássaros ensonados às manhãs de geada.

 

Sou a luz

Grinalda em teu cabelo que dança no vento

Insónia que invento

Nas noites embriagadas do teu olhar;

Mas não me deixem ser o mar.

 

 

 

 

Alijó, 17/11/2022

Francisco Luís Fontinha

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