Trazias
no corpo
Os
parêntesis rectos da insónia;
Das
palavras às equações do sono,
Triste
esta argamassa de cansaço,
Quando
o espaço é uma sombra de nada,
Quando
o nada…
É
cansaço.
Canso-me
porquê?
Tenho
amor,
Tenho
comida,
Tenho
um tecto onde me esconder;
Pior
do que eu
Vive
a formiga,
Trabalha,
não tem palavras para escrever,
Não
tem flores para amar.
Pior
do que eu,
Habitam
os pássaros dentro mim,
Não
se cansam de cantar,
Não
têm medo de escrever,
Trazia
no corpo
O
silêncio de uma noite mal dormida,
O
poema em devastação,
Oiço
nas tuas palavras,
O
mar em suicídio,
Como
qualquer homem de coragem;
Porque,
acredita, para te matares tens de ter muita coragem…
E
felizmente, eu sou um covarde.
Um
covarde que acredita na vida,
Um
covarde com palavras para escrever,
Um
covarde quase licenciado na arte de amar…
Na
arte de adormecer.
E
da arte crescem palavras,
Números
e equações de sono,
Rolamentos,
Chumaceiras,
Correias
e volantes,
E
tantas outras doideiras.
(Pior
do que eu
Vive
a formiga,
Trabalha,
não tem palavras para escrever,
Não
tem flores para amar).
Alijó,
04/01/2022
Francisco
Luís Fontinha