Sabes, meu amor, as rosas
também se comem
(as de papel, as rosas de
açúcar e as rosas de sombra).
As rosas são palavras que
dormem no meu jardim imaginário,
Tem pássaros, o meu
jardim, tem livros, o meu jardim e, tem roas, o meu jardim.
O meu jardim é a minha
casa e,
A minha casa, são os teus
lábios de amêndoa doirada,
Suspensos na infinita
luz, das lágrimas, das rosas, do meu jardim.
Sabes, meu amor,
Hoje escrevi uma carta
aos pássaros do meu jardim,
Os mesmos, que há pouco
viviam abraçados às rosas, do meu jardim.
O meu jardim, meu amor,
tem uma janela virada para o mar,
O mar, meu amor, que beijas
antes de adormecer e,
Me envias em sonhos,
todas as noites, debaixo das estrelas que cobrem o meu jardim.
Amanhã, não sei se tenho
o meu jardim,
(porque as rosas podem
não acordar) e,
A janela do meu jardim,
virada para o mar,
Pode, no entanto, amanhã,
também ela, não acordar.
E, e se eu não acordar,
como as rosas do meu jardim?
Ai meu amor, com é bom
ter um jardim,
Rosas para cheirar… e,
Os teus lábios para
beijar.
Francisco Luís Fontinha, Alijó,
03/11/2020