Deus,
não gosta de mim.
Os
pássaros, criados por Deus, também não gostam de mim.
Não
acredito em Deus, nem nos pássaros criados por Deus.
A
tempestade, em mim, costuma ser passageiras,
Alguns
segundos, ventos ciclónicos, e chuva miudinha…
Também
ela, obra do criador.
Debato-me
com o trágico sentimento de perda,
Quando
as palavras se ausentam,
Quando
os livros, recheados de palavras, também se ausentam.
Deus,
não gosta de mim.
Pudera.
Se
não acredito em Deus, também ele, não deve gosta de mim, acreditar em mim,
Mas,
não preciso que alguém acredite em mim,
Os
desenhos acreditam em mim?
Os
desenhos criados por Deus, que me criou, e eu duvido.
A
cidade ferve,
A
moça corre apressada para os braços de Deus,
Abraça-a,
beija-a, como se amanhã existisse uma ribeira fora do leito, em direcção ao
mar.
Deus
criou as palavras,
Os
versos,
A
mentira,
A
despedia,
A
morte,
A
rebeldia…
Deus,
parece-me indiferente às palavras, palavras criadas por Deus.
O
campo, ao longe, verdejante, desparece nos lábios de Deus…
E,
os pássaros, filhos de Deus, à procura das abelhas,
Picam-me,
Aleijam-me,
Mas
nada é mais doloroso que a morte.
A
morte, a má-sorte, e companhia limitada,
STOP,
Em
frente, marcha,
Cruzamento,
GNR
ao comando,
Automóvel
desgovernado,
Nas
mãos de Deus.
IRRA.
Não.
Não.
Ponto.
Palavras.
Mortas. À nascença.
Deus,
Deus é Deus, criado por Deus.
FIM.
Tudo
ao molho e fé em Deus.
Todos
os homens, são pássaros?
E
os pássaros?
São
homens?
E
o burrinho?
Que
faz o burrinho dentro do poema?
Porque
hoje é 22 de Janeiro,
Porque
Deus criou o calendário…
Não.
Não.
Talvez
amanhã!
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
22/01/2020