quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

As noites de mim


Não me digas as palavras que eu te prometi.
Ontem, reinava o silêncio, no interior do teu abraço,
As flores, cansadas de dormir, acordaram com o teu sorriso,
Dilacerado nas manhãs de Sábado.
Não gosto dos Sábados, meu amor.
Fico estúpido, burro,
Durmo na despedida do Adeus,
Às vezes, esqueço-me de almoçar,
Lanchar,
Ou… jantar,
Coisa pouca,
Ninguém morre por não comer.
Não me digas as palavras que eu te prometi,
Porque este livro em solidão,
Assusta-se com a minha voz,
Foge de mim,
Como um mendigo,
Ou… sem-abrigo.
Não,
Não me digas,
As palavras,
Em voz alta,
As palavras que eu te prometi,
E mesmo assim, hoje, escrevo-as no teu olhar.
Sinto-me cansado dos dias,
Das noites,
Sem dormir,
Vagueando num corredor escuro,
Sombrio,
Que me traz à lembrança, a morte.
Essa mesmo,
O final do dia,
O eterno desgosto,
Que abraçam os livros de poesia.
Oiço-te,
Lá longe,
Nas páginas esquecidas da sonolência das palavras,
E mesmo assim,
Grito,
Sufoco com os gritos das pedras,
Também elas, tristes, gastas, e, cansadas.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
15/01/2020

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