Sabia
que o teu corpo era porcelana madrugada.
Manuseio-o
como se fosse uma sílaba engasgada no poema,
Com
jeitinho,
Pinto-o,
beijo-o,
Como
se fosse uma pétala no jardim do silêncio;
Dois
olhares cruzam-se na escuridão do desejo,
Um
cigarro arde,
E
recorda-se do beijo.
Oiço
a tua voz silenciada na alvenaria,
Oiço
os gemidos do luar suspensos nos cortinados da paixão,
Sou
tão feliz, meu amor,
Tão
feliz.
Não
finjo,
Sinto-o
dentro do peito,
Esta
ressaca que me aprisiona aos teus braços,
Não
finjo, meu amor,
Não
finjo que somos donos do mar,
Não
finjo que somos os únicos sobreviventes das tempestades da loucura…
E,
no entanto,
Lá
longe,
Um
barco carregado de livros, aproxima-se,
E
poiso nas tuas coxas.
São
poemas, meu amor,
Poemas
de amor.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
09/08/2019