Sentiria
o corpo voar
Se
não fossem as tuas mãos,
Chegou
o momento de cortar todas as amarras,
Sentir
a liberdade das palavras nos meus lábios…
Sentir
a vontade dos beijos nos meus poemas,
Zarpar
em direcção ao nada,
E
com o nada digo tudo
Que
com o tudo nada digo,
Inventar
em mim os aviões da infância
E
as coloridas paredes de uma casa abandonada,
Sentiria
o corpo voar…
Se
não fossem as tuas mãos,
A
tua boca,
O
teu perfume disfarçado de noite
Antes
de regressar a morte,
Sentiria
o corpo
Não
sentindo o peso da atmosfera alicerçada nos meus ossos de papel,
Não
sentido a madrugada suspensa no cortinado…
E
lá fora
Os
gemidos nocturnos dos incêndios de veludo,
Ir
Caminhar
sobre as pedras esquecidas pela tempestade,
Comer
os livros ainda não lidos
Porque
estão mortos sobre a minha secretária,
Sentiria
Se
não fossem as tuas mãos
O
peso da lua,
Sentiria
a claridade do sofrimento
A
cada dia percorrido,
A
momento desperdiçado escrevendo-te…
Sem
sucesso,
Amar-te
sem amar
Sentir
sem sentir o esplendor do amanhecer,
Às
vezes, pareço um menino em busca de uma praia
Com
areia branca,
Às
vezes, pareço um pedaço de aço atracado a um qualquer porto de mar…
E
sentiria
As
tuas mãos
No
meu peito
Ao
despedir-se a tarde.
Francisco
Luís Fontinha
sábado,
27 de Fevereiro de 2016