As
sombras, e pensava em ti, meu amor, quando adormeciam as imagens
lânguidas do sofrimento, o vulcão das tuas coxas,
O
regresso?
Nunca
As
sombras, o timbre fixo da foz espetada numa caixa de cartão, tinhas
nas mãos a safira paixão das noites em flor,
Nunca,
nunca conheci a tua pele, era sempre noite em nós, adormecíamos
como dos corvos suspensos na putrefacção da insónia, cintilavam os
teus seios nas pálpebras do mal-me-quer adocicado, louco
Apaixonado,
eu?
O
corpo incha como uma orquestra desafinada, os lençóis de linho
misturados com os beijos nocturnos do sémen inventado pelos rochedos
da memória, hoje há caracóis, sardinhas... os monstros marinhos da
tua língua, os teus seios abraçados a uma tela vazia, branca,
triste como as ruas da cidade do abismo,
Hoje?
O
velho caixote em madeira embrulhado com as comestíveis sereias de
açúcar, a fotografia sempre extinta no meu olhar, não
Existes?
Talvez...
Mas
sonhava, desenhava figuras geométricas nos lençóis da tempestade,
sacudia as infames equações do orgasmo, e
Silêncio...
Que
roupa vou vestir amanhã, mãe?
Silêncio,
E
depois dos desejados sonhos do meu candeeiro
Porque
nunca rezei,
Mãe...!
(texto
de ficção)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
quinta-feira,
12 de Fevereiro de 2015