terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

(desenho de Francisco Luís Fontinha)


O sangue quando disfarçado de texto, a ficção caminha nas veias quadrangulares da paixão, um finíssimo raio de Sol acorrenta-se ao papel emagrecido que as nocturnas cidades constroem nas arestas do sofrimento, há dor, há pobreza...
O amor?
Uma parábola esquecida no mural de xisto junto ao rio, lá longe os barcos embalsados, aqueles que ninguém ama, quer...
E não quer,
O coração apaixonado estoira, em pedaços de areia grita pelo regresso do mar, o mar aflito, grita pelas palavras enclausuradas da solidão,
Quer, ter de passear-se vestido com um lençol de medo, e as cornijas da insónia descendo até às pálpebras dos candeeiros a petróleo, o medo, a noite que se come e ejacula pequenas gotículas de silêncio, é tarde
Meu amor,
E amanhã o trim trim do triste caixote de madeira...
Hoje não estou,
Mas sonhava, desenhava figuras geométricas nos lençóis da tempestade, sacudia as infames equações do orgasmo, e
Silêncio...
Que roupa vou vestir amanhã, mãe?
Silêncio,
Trapos, restos de ossos, nas mãos o cansaço das sombras da aldeia acabada de se esconder dentro da eira granítica da solidão,
Partíamos...
Sem perceber porquê,


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2015


Sem comentários:

Enviar um comentário