(desenho
de Francisco Luís Fontinha)
O
sangue quando disfarçado de texto, a ficção caminha nas veias
quadrangulares da paixão, um finíssimo raio de Sol acorrenta-se ao
papel emagrecido que as nocturnas cidades constroem nas arestas do
sofrimento, há dor, há pobreza...
O
amor?
Uma
parábola esquecida no mural de xisto junto ao rio, lá longe os
barcos embalsados, aqueles que ninguém ama, quer...
E
não quer,
O
coração apaixonado estoira, em pedaços de areia grita pelo
regresso do mar, o mar aflito, grita pelas palavras enclausuradas da
solidão,
Quer,
ter de passear-se vestido com um lençol de medo, e as cornijas da
insónia descendo até às pálpebras dos candeeiros a petróleo, o
medo, a noite que se come e ejacula pequenas gotículas de silêncio,
é tarde
Meu
amor,
E
amanhã o trim trim do triste caixote de madeira...
Hoje
não estou,
Mas
sonhava, desenhava figuras geométricas nos lençóis da tempestade,
sacudia as infames equações do orgasmo, e
Silêncio...
Que
roupa vou vestir amanhã, mãe?
Silêncio,
Trapos,
restos de ossos, nas mãos o cansaço das sombras da aldeia acabada
de se esconder dentro da eira granítica da solidão,
Partíamos...
Sem
perceber porquê,
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira,
10 de Fevereiro de 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário