vivo fingindo viver
procurando o que já
morreu
inventando palavras
que nunca tive a coragem de escrever
vivo esperando o
amanhecer
que da madrugada
cresçam lábios de cereja
e pedacinhos de
papel com barquinhos desenhados
vivo debaixo da
sanzala encarnada
olho o Sol e sinto a
tua pele misturada com imaginados sorrisos
de prata
cachimbos mergulham
e acreditam que
vivendo fingindo
viver...
um dia
um dia vou regressar
ao quintal recheado de mangueiras
com sombras
estrelares
fingindo
correndo...
amando os velhos
telhados de luz
como amo o
fingimento de fingir que vivo
vivo fingindo viver
nesta jangada de
silêncio
com velas de pano
viver viver viver...
não sabendo o
significado do amor
amando fingindo que
amo
sou um marinheiro
esquecido no Oceano
procurando
inventando...
dormindo nas
esplanadas que habitam no Tejo
recordando muros
amarelos
porque fingindo
viver... não vivo... não vivo esta vida de corpos em mármore.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 25 de
Abril de 2014