sábado, 6 de julho de 2013

Terei em mim as sobejadas tuas lágrimas?

foto: A&M ART and Photos

Terei em mim as sobejadas tuas lágrimas?
E as tuas algas, meu amor,
como conseguem elas sobreviver sem as minha mãos...
sem o meu olhar,
terei em mim as algemas flutuantes do silêncio
quando apareces no espelho da noite
e começas a cantar
sorrindo,

Sou uma gota de água salgada
que voa nas clarabóias do teu doce cabelo
sou uma gaivota disfarçada de gota de água...
que te ama quando deitas a tua cabeça no meu peito confeccionado com as pobres pétalas
do xisto laminado da paixão,

O amor dispara palavras contra os uivos meninos da cidade dos abismos
sentavas-te nos corredores da noite como se fosses uma árvore
uma menina vestida de árvore
como as tuas algas e os teus peixes e a rosa que deixaste no interior de um velho livro...
o amor disfarça-se de madrugada
e assim, nós, os eternos amantes, dormimos parecendo pássaros envenenados pelo cacimbo,

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Nostalgia

foto: A&M ART and Photos

Nostalgia quando descem sombras de amanhecer
sobre as pedras cansadas da calçada
nostalgia de perceber que o vento jamais soprará... como tu
jamais
nunca
caminharás nos braços da praia,

Inventar o amor
onde a mãe Natureza colocou a fantasia
e a penumbra
e jardins que só o Inverno consegue alimentar
inventar o beijo
nos lábios de uma flor...

Nostalgia quando... amanhecer
sobre silêncios e corações de areia
nostalgia de perder-te entre as nuvens de Agosto
num longínquo País sem fronteiras
onde o amor é livre
e todos os barcos carregam sobre os ombros a culpa da despedida,

Nostalgia de olhar
todos os dias
uma corrente de aço que me aprisiona a um cais esquecido numa qualquer rua de Luanda...
e das minhas pálpebras dilaceradas vejo os desenhos da alvorada
como se regressasse o teu corpo de papel
aos meus verdes olhos do chocolate derretido sobre os teus seios de amêndoa...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Tórrido... o meu destino sem nome

foto: A&M ART and Photos

Tórrido como a luz sobrevoando os cinzentos jardins invisíveis...
um corpo mergulha no infinito e desaparece entre os pilares do desejo
como singelas vegetarianas árvores com frutos secos e folhas de papel
tórrido como um livro em chamas na mão de uma mulher saboreando versos
que o desconhecido vizinho do terceiro esquerdo lhe oferece a cada Sábado,

Tórrido... entre luzes e esplanadas de trigo
gaguejando no teu corpo de açúcar
transforma-se o beijo
um fluido em pequenas gotículas
e cresce em mim o desejo de possuir-te
como um livro em finas folhas de sorrisos...

Tórrido tu dentro de mim
às conversas circulares
das ardósias suspensas no divã do esqueleto interestelar das amêndoas com chocolate...
e o feitiço de ti em mim
como um corredor escondidos nas sombras da Ajuda,

Tórrido... o meu destino sem nome
vagueando nas infelizes rochas de xisto
olho-me no rio e sinto-o a entra nas minhas veias como noites em orgasmos suicidas...
tórrido o silêncio das tuas palavras
dos teus beijos
em tuas outras mãos alicerçadas no meu peito de lareira acesa...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A vida é assim...

foto: A&M ART and Photos

A vida é assim...
… o amor não é assim
a vida é um espelho prateado com um crucifixo pintado
o amor o amor é uma flor
sem luz parecendo a noite
mergulhada no jardim dos teus lábios...
… assim
como as palavras invertidas e de cabeça para baixo,

Tonturas?
Dores de barriga
palpitações e pulsação exagerada...
vou à depilação
e sinto-o
o amor
o amor que escreve versos nas janelas do silêncio
depois de partir a madrugada,

A vida
meu amor
o amor
a vida é assim...
… o amor não é assim
como um qualquer
um coitado
embrulhado num cobertor,

A vida e o amor
eu
eu e a vida e o amor
três patéticos insufláveis bonecos com esqueleto de silicone...
a vida
a vida é assim
quando vem o amor
vai-se-me a identidade e o nome,

E fico
e fico a ver as tonturas
e a saudade
uma flor perfeita com pétalas de amanhecer
eu e ela e o amor e a vida...
agora já somos quatro e a aumentar
esperamos pelo amor
e fico a ver os barcos em pequenos fios de navalha...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

… 2970 e a descer...

foto: A&M ART and Photos

(este cabrão deste censor é mesmo um grande filho da puta)
O povo gritava,
Revolução, revoluçãoooooo...
O povo farto, eu, eu que sou o povo, apenas nesta história, cansado, apenas num dia perco cinquenta e quatro amigos no Facebook, pergunto-me, porquê,
Porquê questiona-se ele,
Porquê?
Todos, hoje, resolveram remover a amizade que tinham comigo, ou apenas por motivos de censura, algum idiota, para não o apelidar de (cabrão e filho da puta), resolveu, hoje mesmo, remover os meus amigos, telefonou a uns quantos, uns quantos, como as ovelhas, passaram a palavra, e aí está, 2971 e a descer, noutros tempos, ficaria muito chateado, hoje, hoje sinto-me alegre, contente, porque podem remover-me todos os amigos... mas não podem tirar-me as palavras, mas não podem encerrar o Blogue Cachimbo de Água, não podem, não podes, e a descer
Agarra-te minha querida, agarra-te, e coloca o cinto segurança,
Não, não vamos morrer, não chores, oh... não chores que as lágrimas deixam o teu lindo rosto tristonho, como uma rosa, depois da chuva, sim, vamos conseguir, olha meu amor, olha para mim
Estou a olhar, meu querido,
Eles, eles não vão conseguir,
Juras?
Juro, acredita, acreditar sempre, olha sabes quem está em Alijó?
Não, não sei meu querido,
O meu “rating” de amigos está a descer, como o Ex-espião Americano Edward Snowden que tenho a informação acaba de aterra neste momento no Aeroporto Internacional da Chã e vai ficar uns dias hospedado numa unidade hoteleira da linda Vila encastrada no coração do Douro Vinhateiro,
É só o facto...
Diz, minha querida, diz,
Refiro-me à sujidade das ruas, e ao mau cheiro dos contentores do lixo, isso?
Sim, isso,
Isso ninguém vai notar...
Revolução, revoluçãoooooo...
(este cabrão deste censor é mesmo um grande filho da puta)
Isso ninguém vai notar... o cheiro é uma sombra invisível, indolor, como a paisagem, olha meu amor,
Sim, meu querido,
Acreditas em gaivotas?
Acredito,
Acreditas?
Sim, acredito...
Pois... não devias acreditar...
Porquê?
“Todos, hoje, resolveram remover a amizade que tinham comigo, ou apenas por motivos de censura, algum idiota, para não o apelidar de (cabrão e filho da puta), resolveu, hoje mesmo, remover os meus amigos, telefonou a uns quantos, uns quantos, como as ovelhas, passaram a palavra, e aí está, 2971 e a descer, noutros tempos, ficaria muito chateado, hoje, hoje sinto-me alegre, contente, porque podem remover-me todos os amigos... mas não podem tirar-me as palavras, mas não podem encerrar o Blogue Cachimbo de Água, não podem, não podes, e a descer
Agarra-te minha querida, agarra-te, e coloca o cinto segurança”,
“FODA-SE...”.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

P.S. A foto que acompanha o texto dá direito à perda de 250 amigos...
(Quero lá saber, o censor que se foda)

Blogue Cachimbo de Água


Blogue Cachimbo de Água

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Como tu, refugiada em palavras mortas

foto: A&M ART and Photos

Como tu
refugiada em palavras mortas
mórbidas borboletas de veludo
voando
sonhando câmbios e orgasmos das neblinas filhas da madrugada
sou
como tu
embriagado pelas luzes do extinguido habitáculo de nylon,

Como tu
uma árvore em silencio no recreio da velha escola
sentamos-nos? Podíamos entrelaçar as mãos como fazem as andorinhas
quando
como tu?
Acordam as letras envenenadas das canções de amor...

Não sou nada
parecendo uma pedra lançada ao vento
e cai gravemente sobre o teu peito...
e da ferida... uma pequena rosa sobrevive aos teus lamentos,

(Como tu
refugiada em palavras mortas)

E insignificantes espelhos da eira triste
dançando como as bailarinas das fotografias suspensas no gesso alicerçado às mãos de um inocente homem com barba branca
dançamos?

(mórbidas borboletas de veludo
voando)

Nunca mais regressarei aos teus abraços braços
porque agora sou um barco
sem leme rumo ou velas
sem motor marinheiro ou perfume teu dentro de mim
caminharei sobre os cedros apodrecidos de uma lápide significando a minha ausência
nunca
regressarei ao porto de abrigo
para ser ancorado e aprisionado a uma corrente enferrujada com sintomas de tuberculose...

Fumamos?

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha