Sinto as tuas
lágrimas no espelho da manhã
como campânulas de
luz embriagadas pelo silêncio
roubaram-me a
esplanada e as cadeiras onde me sentava
e...
percebia quando
passavas apressadamente
que o dia não tinha
acordado
pálpebras cerradas
corredores escuros
onde te escondias
quando regressava a
noite
e...
percebia...
as vozes da saudade
dentro de um cubo de vidro
os vultos nocturnos
embrulhados na morte
como flores em
decomposição
perdem o perfume
e a pele começa a
envelhecer
transformam-se em
cinza
cigarros a arder
cigarros procurando
avenidas de voo
enquanto o fumo se
distrai a observar o rio
transatlânticos
marinheiros de
homens
engatados pelas
árvores de um qualquer jardim
de uma cidade em
construção...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 9 de
Março de 2015