Os cansaços que a vida me deu
de abraços em pedaços de sol
os carrascos cansaços de uma manhã ao
léu
como as cartas do Pacheco (Luiz
Pacheco, Cartas ao Léu)
os silêncios das espigas poesia
entre cansaços e carrascos
os teus e os meus abraços
dentro de uma barcaça em dias de
alegria,
Havia
havia poucas ou nenhumas cartas de amor
que palavras eu diria
à lareira a saudade que ardia
da lareira o sorriso de uma bela e
linda flor
havia cigarros de conserva com molho de
tomate
havia
e eu sabia que das minhas pobres mãos
nascia
e crescia
um lindo menino de nome alicate
coitado coitadinho
enfezado como os orgasmos da menina
fantasia,
Os cansaços que a vida me deu
poucos
abraços e beijos às bocas que o velho
com cabeça de abobora
semeou e plantou e dizimou
não sabendo que eu sabia
que havia
laranjas e limões para a sobremesa
disfarçada de melancia,
E havia
homens amantes do sol
e mulheres que amavam a lua
e eu
não sabia
e eu
percebia
e eu
farto da escrita de porcaria
que faço
e invento sem saber e perceber
que um dia vou morrer,
E alguém vai dizer
escrever
que grande merda este gajo nos deixou
porque os cansaços que a vida me deu
me tirou
e o amor derretido em paixão
arde docemente à lareira
a mesma lareira onde se aquece a flor
disfarçada de amor
que da minha mão
me amou
ou vai amar,
quando perceber
que eu
que eu sou filho do mar...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha