Todos eles me dizem e salivam nas
paredes do orvalho
que eu não tenho coração
que eu sou uma nódoa num pano
pornográfico
à janela do tempo indeterminado
oiço-os dentro dos buracos e respiram
e se alimentam nas vãs mensagens sem
destinatário
não vou regressar
e recuso-me a absorver-me nas planícies
que a paixão tece
e vagabundeia sabendo que às vezes
lágrimas
há lágrimas de chocolate
na aldeia do desejo,
há uma lareira com vista para o Douro
lá encosta-se e poisa a mulher mais
bela
e ardem pedaços de videira
e se aquecem as palavras sem livros
onde dormirem
e se aquecem abajures de linho
há uma claridade intensa
da paixão das almas e dos xistos com
olhos de diamante
lá encosta-se a Deusa adormecida
como o Douro em cascatas até ao cimo
da montanha
lá encosta-se o desejo de um coração
de prata
com sabor a lilases flores que o
Inverno atormenta
e a lareira não cessa de amar.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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