Somos
canções de espuma.
Somos
corações de aço em revolta,
Somos
o tecto da sonolência repartido pelo perfume da tarde,
Somos
a esperança,
Somos
os socalcos embalsamados junto ao rio…
Somos
canções de luta,
Cansada
noite entre sombras e cabeças de vidro,
As
ruas, os edifícios mórbidos dos condomínios desassossegados,
Somos
palavras,
Poemas,
somos livros desajeitados,
Nas
salinas do amanhecer,
Somos
Pátria,
Somos
sonâmbulos enfeitados de espuma…
Nas
canções de espuma.
Somos
a liberdade,
Somos
os jardins abraçados à liberdade,
Somos
desempregados, homens, mulheres e crianças,
No
circo da aldeia,
Somos
a bandeira,
Somos
a esplanada junto ao mar,
Somos
a noite,
Antes
de acordar.
Somos
equações, metáforas e limões…
Somos
cabrões,
Árvores
da inocência,
Somos
o Inverno,
Nas
lareiras do Inferno,
Somos
o vento,
A
geada e o pensamento,
Somos
tudo o que quiserem…
Só
não somos esqueletos de xisto.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
6 de Janeiro de 2018