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quarta-feira, 9 de agosto de 2023

O beijo

 Porque morrem,

Meu amor

As flores do teu cabelo,

Porque dançam,

Meu amor

As abelhas que brincam no teu cabelo,

Porque morrem,

Meu amor

As flores e as abelhas e os rios

Do teu cabelo,

 

Porque morre,

Meu amor

O desejo dos teus lábios

Na tua boca,

Porque morre,

Meu amor

Nos teus lábios,

O meu beijo clandestino,

 

Porque morrem,

Meu amor

As estrelas dos teus olhos,

Quando os meus olhos…

São um diamante por lapidar,

 

Porque morre,

Meu amor

Nos teus olhos o mar

E o sonho do eu menino…

Também morre,

Quando em ti…

Acorda o luar.

 

 

09/08/2023

domingo, 30 de julho de 2023

O teu cabelo em flor

 Flor em teu cabelo

Do vento servidão

Do teu cabelo em minha mão

No teu cabelo o perfume da manhã

 

No teu cabelo em lágrimas

No triste silêncio do luar

No teu cabelo em flor amar

Do mar do teu olhar

 

Flor em teu cabelo

Em palavras poesia

Que sorri a cada dia

A cada dia do teu cabelo

 

Em flor do teu cabelo em flor

No teu abraço

Em flor teu corpo cansaço

Teu corpo em flor

 

Do teu cabelo em flor

O meu beijo nos teus lábios de mel

Que escondo neste papel

Em flor do teu cabelo em flor

 

 

 

Alijó, 30/07/2023

sábado, 29 de julho de 2023

Espingarda de espuma

 Pego nesta espingarda de espuma

E disparo o beijo

De coisa nenhuma

Do desejo

A fina bruma

Desta pedra que te abraça

Nesta pedra que te alimenta

Enquanto o silêncio ainda é de graça

 

De graça

Coisa alguma

Ou nenhuma coisa qualquer

Se eu soubesse

Não o sabia

Que depois de tanta graça

Escondeu-se o dia

E masturbou-se a poesia

 

Da maré em pedaços

Na mãe comestível madrugada

Sem braços

Nos teus braços minha amada

 

Minha amada

De nada

Pego nesta espingarda de espuma

E disparo o beijo

De coisa nenhuma

Do desejo

A fina bruma

Quando o teu corpo em mim se afunda

 

 

 

29/07/2023

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Boca-aberta

 

Um beijo que se liberta

Da maré madrugada

Um beijo em alerta

Sem saber que o nada

 

Dorme nos penedos junto ao mar

Um beijo de beijar

Um beijo que se liberta

Do poema amar

No poema com parte incerta

 

Um beijo de beijar

No beijo em desejo desejar

Um beijo que se liberta

Do beijo em descoberta

De beijar

Este boca-aberta

 

 

 

28/07/2023

domingo, 9 de julho de 2023

A cor do mar

 

Podia extinguir-se o Universo,

Meu amor,

Podia extinguir-se o Universo, que eu não me importava,

Desde que ficasses eternamente nos meus braços

E me segredasses todas as palavras de te amar…

 

Podia extinguir-se o tempo,

Meu amor,

Não tínhamos horários de amar,

De comer,

Não sabíamos se era segunda-feira,

Quinta-feira…

Ou outra coisa qualquer,

 

E nunca, meu amor, nunca saberíamos…

Se era de dia,

Se era de noite,

Não tínhamos estrelas para desejar…

Mas também para que eu queria as estrelas…

Pedir desejos…

Quando o maior desejo dormia nos meus braços,

 

Podia extinguir-se o Universo,

Meu amor,

Podia extinguir-se o Universo que eu não me importava…

Olha, meu amor,

Importo-me mais com a inflação…

E todas as outras coisas…

Do que com o Universo,

 

Podia extinguir-se o Universo,

Meu amor,

Podia extinguir-se o universo que eu não me importava,

Desde que me deixasses pintar os teus olhos de cor do mar…

E os teus lábios de doce mel…

Depois…

Depois abraçava-te,

Ensinava-te a desenhar círculos de luz com olhos verdes…

E com um silenciado beijo…

Escondia o Luar na tua mão.

 

 

 

09/07/2023

Francisco

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Para ti

 

Para ti

O primeiro beijo da manhã,

Para ti

O último luar da noite

Que se alicerça aos teus olhos de mar…

E aos teus lábios de mel,

Para ti

Um pedacinho da minha mingua luz…

A que me resta,

Para ti

O colorido desejo,

De desejar-te

E de amar-te…

Para ti…

Este desenho pigmentado de paixão…

Que espera…

Por ti.

 

 

 

05/07/2023

domingo, 2 de julho de 2023

Abraço desejo

 

Em silêncio desejo

Este poema se mata

Deste poema sem lata

Na boca de um beijo,

 

Em silêncio desejo

Este poema desgovernado

Qua não vejo…

Em silêncio desejo o abraço desejado

 

Nãos mãos de uma Princesa.

Em silêncio desejo

Dorme a madrugada em triste beleza…

 

Do triste cansaço

Quando o meu corpo aleijo

Em busca de um abraço.

 

 

 

02/07/2023

Francisco Luís

sábado, 1 de julho de 2023

Beijo

 Peço ao teu sorriso de mármore envergonhado

Que escreva na palma da minha mão

Uma palavra,

Peço aos teus olhos de fogueira envenenada

Que escrevam na palma da minha mão

Uma palavra,

Peço aos teus lábios de mel…

Que não escrevam na palma da minha mão…

Uma palavra,

Peço aos teus lábios de mel…

Apenas um beijo

Um beijo na palama da minha mão.

 

 

 

01/07/2023

Francisco

terça-feira, 27 de junho de 2023

Flor em luar

 

Há uma flor em tua mão

Tua mão em flor,

Tua mão em minha mão

Na tua mão em dor.

 

Há uma flor em papel

Flor na mão tua minha mão de mar,

Uma flor nos teus lábios em mel…

Do mel doce lar.

 

Do mel doce amar,

Uma flor em tua mão…

Uma flor que não sabe falar.

 

Há uma flor de beijar,

Uma pequena flor no teu coração,

Uma linda flor, uma flor em luar.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

O beijo

 Desenho nos teus seios

Meu amor

Um beijo de luz,

Escrevo nos teus seios

Meu amor

Um beijo de mar,

Beijo os teus seios

Meu amor

E deixo nos teus seios

Meu amor…

Um beijo de luz

Quando a noite se abraça ao luar

Quando da noite

Vêm a ti

Todas as estrelas

E todo o mar.

 

 

Alijó, 13/04/2023

Francisco Luís Fontinha

sábado, 31 de dezembro de 2022

A Atlântida perdida

 Encontro a Atlântida perdida

No teu ventre

Quando o uivo grito do silêncio

Poisa em ti

Corpo desnudo das manhãs de Inverno,

 

Da tua mão

O trigo pão

Que sacia a minha boca

Quando das palavras infinitas

Vêm a mim os primeiros quadrados de luar

E dos meus olhos

Soltam-se as lágrimas do oiro envenenado

Que o teu corpo seduz,

 

E desta Atlântida perdida

Acordam as líquidas sílabas de prazer

E oiço o cheiro nauseabundo da tua pele

Onde brincam as pequenas lâminas de sémen

Que o frio deixa em ti,

 

Ai minha querida Atlântida

Atlântida ilha perdida no teu coração

Palavra em construção

Que o poema come

Como quem come as espadas da madrugada

Que o soldado poisa nos teus lábios,

 

E o soldado que tens nos teus braços

Poeta homem das calças da ganga azul

Que na algibeira esconde um beijo

Um beijo…

Meu amor da Atlântida perdida

Apaga as luzes desta cidade

E fica nos meus braços

Nos meus braços

Onde um dia

Qualquer dia

Acordará a Atlântida perdida.

 

 

 

Alijó, 31/12/2022

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

O Universo teu cubo invisível

 Se me pedissem para parar a extinção do Universo

Não o fazia

Não me levantava da cadeira

Deslocar-me à cozinha

E carregar no botão…

Egoísmo?

Não

Estou cansado

Extremamente cansado

Cansado para me levantar desta cadeira

Andar uns quantos passos atá à cozinha

Erguer a mão direita em direcção ao botão…

E carregar

Com força

Portanto

Esqueçam

Não o faço

 

Depois

Pergunto-me o quão infinito é o Universo

Que se expande

Que não se expande

Não o sei

Uns dizem que sim

Que não

Que um dia o Universo vai começar a contrair

E tudo voltar a ser apenas um pequeno ponto

Do tamanho da cabeça de um alfinete

E recomeçará tudo novamente

 

Se eu pudesse

Se eu pudesse conversar com a primeira pedra a habitar a Terra

Se eu pudesse

Fazia-o

Fazia-o sem pensar duas

Três

Milhões de vezes

Ao cubo

Dentro do cubo

O vazio

As nuvens que às vezes aparecem nos teus olhos

(sabias que os teus olhos são poemas de amor?)

Pegava-lhe na mão

Sentava-me a seu lado

E perguntava-lhe porquê

Provavelmente

A pedra

A primeira pedra

E depois

Talvez ficasse sem jeito

Que emoção

Conversar com a primeira pedra a habitar a Terra…

Vamos tomar um café?

 

Olho o cubo que dorme todas as noites sobre a minha secretária

Olho-o

E pergunto-me se pelo facto de eu ter um cubo

Um cubo pintado de encarnado

Poisado sobre a secretária

Sou mais ou menos feliz

Se sobre a minha secretária não tivesse esse cubo

Esse cubo pintado de encarnado

Era menos ou mais feliz?

E os milhões de lares

Espalhados por aldeias vilas e cidades

Que não têm um cubo

Um cubo pintado de encarnado

Sobre a secretária

Na casa de banho

Cozinha

No quarto

Qualquer sítio

Em qualquer lugar

São mais felizes então?

 

Claro que não

 

Depois da primeira pedra

Vem o primeiro primata

A primeira borboleta

(a primeira flor)

A primeira mulher

Depois

O primeiro beijo

O primeiro poema

(e pergunto-me qual terá nascido primeiro: o beijo ou o poema?)

Depois

Depois nasce a primeira cadeira

O primeiro livro

A primeira carícia

A primeira lágrima

Depois

O primeiro livro

Nasce o primeiro livro de poemas

A primeira flor em papel

A primeira lua

E o último luar

 

(Claro que não)

 

A primeira troca de olhares

A primeira Primavera

A primeira paixão

 

(até agora ainda ninguém morreu desde o começo do Universo)

 

E para estar aqui hoje

Agora

Foi necessário nascer o segundo primata

O terceiro primata

O quarto primata

E agora sim

Agora já podemos matar algum ou alguns dos primatas

 

(O primeiro cigarro)

 

(neste momento um dos primatas é preso por excesso de velocidade)

 

Depois

Depois nasce a primeira criança primata

Ouvem-se os primeiros gritos

O primeiro choro

A primeira birra

O primeiro cocó

As primeiras palavras

Os primeiros números

As primeiras brincadeiras

As primeiras palavras ditas

E depois

As escritas

A escola

 

A primeira lareira

Do primeiro abraço

Quando se lê o primeiro poema

E agora sim

O beijo

Os cabelos

Os lábios

As tuas cochas

Os teus olhos quando vês a primeira estrela

A primeira dor

O primeiro desejo

A primeira árvore

 

Os meus primeiros pássaros

E os meus primeiros barcos

 

A primeira noite

A primeira noite dentro do cubo

Do cubo pintado de encarnando

 

(e quando me dizem que sou um falhado

Um perfeito idiota

O coitadinho

O maluquinho…

Eu penso

PORRA

Então não foi o meu espermatozóide

Que entre milhões conseguiu sobreviver?

 

E se não tivesse sido o meu espermatozóide o escolhido?

Se fosse outro…

Eu podia ser mulher

Homem

Mais baixo

Mais gordo

Menos parvo

E menos idiota do que eu sou

Mais simpático

E menos anti-social…

 

E continuo a olhar este parvo

Este parvo cubo

O cubo mais parvalhão que conheci

Desde que me lembro de conhecer coisas

 

(Coisas meu amor

Coisas)

 

O primeiro dia

Do primeiro sol

As primeiras chuvas

O primeiro calor

O último frio do Inverno

Antes do primeiro Verão

 

Depois

Depois meu amor

O meu primeiro machimbombo

A minha primeira cidade

A cidade perdida

Na mão do feio comboio em direcção ao mar

 

Ao mar

Meu amor

O meu primeiro mar

 

Meu mar

O meu primeiro mar

 

(Depois

O primeiro cancro

O segundo cancro)

 

 

Se me pedissem para parar a extinção do Universo

Não o fazia

Não me levantava da cadeira

Deslocar-me à cozinha

E carregar no botão…

Egoísmo?

 

(Não)

 

Apenas porque estou muito

Muito

Mesmo

Muito cansado para me erguer desta cadeira.

 

 

 

 

 

 

Alijó, 16/12/2022

Francisco Luís Fontinha