Encontro a Atlântida perdida
No teu ventre
Quando o uivo grito do
silêncio
Poisa em ti
Corpo desnudo das manhãs
de Inverno,
Da tua mão
O trigo pão
Que sacia a minha boca
Quando das palavras
infinitas
Vêm a mim os primeiros quadrados
de luar
E dos meus olhos
Soltam-se as lágrimas do
oiro envenenado
Que o teu corpo seduz,
E desta Atlântida perdida
Acordam as líquidas sílabas
de prazer
E oiço o cheiro
nauseabundo da tua pele
Onde brincam as pequenas lâminas
de sémen
Que o frio deixa em ti,
Ai minha querida
Atlântida
Atlântida ilha perdida no
teu coração
Palavra em construção
Que o poema come
Como quem come as espadas
da madrugada
Que o soldado poisa nos
teus lábios,
E o soldado que tens nos teus
braços
Poeta homem das calças da
ganga azul
Que na algibeira esconde
um beijo
Um beijo…
Meu amor da Atlântida
perdida
Apaga as luzes desta
cidade
E fica nos meus braços
Nos meus braços
Onde um dia
Qualquer dia
Acordará a Atlântida
perdida.
Alijó, 31/12/2022
Francisco Luís Fontinha
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