sábado, 31 de dezembro de 2022

A Atlântida perdida

 Encontro a Atlântida perdida

No teu ventre

Quando o uivo grito do silêncio

Poisa em ti

Corpo desnudo das manhãs de Inverno,

 

Da tua mão

O trigo pão

Que sacia a minha boca

Quando das palavras infinitas

Vêm a mim os primeiros quadrados de luar

E dos meus olhos

Soltam-se as lágrimas do oiro envenenado

Que o teu corpo seduz,

 

E desta Atlântida perdida

Acordam as líquidas sílabas de prazer

E oiço o cheiro nauseabundo da tua pele

Onde brincam as pequenas lâminas de sémen

Que o frio deixa em ti,

 

Ai minha querida Atlântida

Atlântida ilha perdida no teu coração

Palavra em construção

Que o poema come

Como quem come as espadas da madrugada

Que o soldado poisa nos teus lábios,

 

E o soldado que tens nos teus braços

Poeta homem das calças da ganga azul

Que na algibeira esconde um beijo

Um beijo…

Meu amor da Atlântida perdida

Apaga as luzes desta cidade

E fica nos meus braços

Nos meus braços

Onde um dia

Qualquer dia

Acordará a Atlântida perdida.

 

 

 

Alijó, 31/12/2022

Francisco Luís Fontinha

Sem comentários:

Enviar um comentário