Perco-me nos teus olhos
E procuro o silêncio,
E afago o teu cabelo,
Perco-me nos teus olhos
Enquanto a noite desce
sobre a tua mão,
Sabendo eu que a noite é
um pedaço de tecido,
Um cortinado que não me
deixa ver o mar,
Perco-me nos teus olhos,
Flor em papel crepe,
Luar que incendeia a
insónia
E depois lança contra a
montanha,
A minha solidão,
A minha triste memória,
Perco-me nos teus lhos,
E procuro o silêncio,
E procuro o silêncio dos
teus lábios,
Nuvem de algodão-doce,
Poema da manhã…
Perco-me nos teus olhos,
E ignoras que também eu
tenho olhos…
Mas tu, tu não te perdes
nos meus olhos,
Perco-me nos teus olhos
E procuro o silêncio,
E afago o teu cabelo,
E o mar do teu olhar me
abraça,
E o mar do teu olhar me
beija…
Enquanto a noite se esconde
na minha lareira.
03/11/2023