domingo, 29 de outubro de 2023
Poetiza
Poetiza-me com os teus lábios nos meus lábios
Mulher do meu sonhar
Palavra que a manhã lança
ao mar,
Poetiza-me com as tuas
mãos
Acariciando o meu rosto poético,
Poetiza-me menina das
madrugadas
Quando desenho o beijo no
teu ombro
E perco-me no teu pescoço,
Como um menino mimado,
Como um menino de ti,
Poetiza-me com toda a tua
força,
Com todo o teu saber,
Poetiza-me com as
palavras que te escrevo,
Com as palavras que
semeio no teu seio,
Poetiza-me com os teus
lábios nos meus lábios,
Com a tua boca na minha
boca,
Poetiza-me todos os dias,
A todas as horas,
Em todas as noites,
Quando te abraço,
Quando me perco em ti,
Quando me perco neste
salgado mar de inocência,
Poetiza-me nesta canção
de Outono,
Com folhas lapidadas,
Das árvores,
E dos pássaros…
Poetiza-me com os teus
lábios nos meus lábios
Mulher do meu sonhar
Palavra que a manhã lança
ao mar,
Poetiza-me com as tuas
mãos
Acariciando o meu rosto poético,
Poetiza-me com o teu
cabelo poisado no meu peito,
Poetiza-me na insónia da noite,
Da insónia em desejo,
De pegar na tua mão…
E morrer,
Poetizado pelos teus
lábios de mel.
29/10/2023
sábado, 28 de outubro de 2023
Do silêncio voz que te oiço
Oiço a voz do silêncio
Que me traz a madrugada
Disfarçada de noite
Em noite ensonada
De nada
Amanhã um beijo nos teus
lábios
Depois
Oiço a voz do meu relógio
Que me diz
Que me grita;
Amanhã são horas de
sonhar.
Oiço a voz do silêncio
Dos teus lábios em
palavras que recebo
Permitindo-me afoitar esta
lareira
Nos intervalos de minha infame-glória
Viver acorrentado às primeiras
lágrimas da manhã…
E dormir nos teus braços.
Azáfama das tuas mãos no
meu rosto dorido
Às vezes triste
Às vezes sofrido
Quando oiço pela manhã
Quando recebo a noite…
A voz do silêncio,
Oiço a voz do silêncio
Que me traz a madrugada
Disfarçada de noite
Em noite ensonada
De nada,
Esta velha jangada
Em pedra lapidada
Durante a noite
Quando os nossos corpos
se fundem
E formam a mais ínfima partícula
do desejo
Da voz do silêncio
No silêncio de viver.
28/10/2023
Mundo
Este mundo onde habito
E não me apetece habitar
Neste mundo onde caminho
E não me apetece caminhar,
Tão pouco, ver o mar.
Este mundo desalinhado
Podre e triste,
Frio e escuro,
Este maldito mundo apedrejado…
Deste mundo nunca visto,
Neste mundo desejado.
Este mundo onde habito
E não me apetece habitar,
Onde crianças morrem,
E os adultos…, e os
adultos são proibidos de sonhar.
28/10/2023
Noite de mim
Encosta o teu olhar
Ao meu olhar,
Abraça-me, abraça-me
clandestinamente
Como se eu fosse um foragido,
Um condenado por um
qualquer pequeno delito,
Enquanto me sacio com
esta lareira,
Que me ilumina, que nos
ilumina…
Quando mais logo, quando
mais logo regressar a noite…
E a noite nos beija,
Nos beija sibilinamente,
Abraça-me, encosta o teu
olhar
Ao meu olhar,
Abraça-me
clandestinamente,
Enquanto todos os
pássaros dormem,
E a noite se veste de poema.
Abraça-me e encosta o teu
olhar
Ao meu olhar,
Abraça-me enquanto a lua
poisa nos teus seios…
E o luar,
E o luar escreve em ti…
amo-te,
Dos teus olhos de mar,
Como eu,
Clandestinamente.
28/10/2023