Se nos teus lábios de mel
Brincasse o mar
Dos teus olhos
Se nos teus lábios
Brincassem as flores
E voassem os pássaros
Se nos teus lábios de mel
Acordassem todas as
Primaveras
… morria a insónia.
25/09/2023
Se nos teus lábios de mel
Brincasse o mar
Dos teus olhos
Se nos teus lábios
Brincassem as flores
E voassem os pássaros
Se nos teus lábios de mel
Acordassem todas as
Primaveras
… morria a insónia.
25/09/2023
Sobre ti
A espada lâmina
Em silêncio
Sem ti
Sobre ti
O pecado
A inocência do corpo
Quando o corpo
É apenas uma folha de
papel
Sobre ti
Senti
O pigmentado corpo
Em desejo encarnado
De ti
Sobre ti
Em ti
Sobre ti
O cansaço da manhã
Quando acorda da insónia
O desejado corpo
Sobre ti
Sem ti
Sentir o veneno dos teus
lábios
25/09/2023
Deus inventou o cansaço
Porque nada tinha para
fazer
Deus inventou a insónia
Porque nada tinha para
fazer
Deus inventou o desejo
Porque nada tinha para
fazer
E como passava os dias
E como passava as noites
Sem ter nada para fazer
Deus
Inventou a paixão
Deus inventou a paixão
Porque não tinha nada
para fazer
24/09/2023
Cai a noite
Nos teus olhos
E pouco tempo disponho
Para olhar os teus olhos
Cai a noite nos teus
olhos
E pouco tempo tenho de
respiração
E pouco tempo tenho de
vida
Quando cair a noite nos
teus olhos
Todo o mar ficará à
deriva
E nos meus braços
Ficarão todos os barcos
E as lágrimas dos teus
olhos
Cai a noite
Cai a noite nos teus
olhos
Pergaminho doirado
Silêncio endiabrado nas
mãos de Deus
Quando cai a noite nos
teus olhos
E pouco tempo tenho de
vida
E quase não tenho tempo
para me despedir
Dos teus olhos.
24/09/2023
Meia-noite
O teu corpo silencia-se
nos meus lábios
Sinto medo
Tenho medo de que o teu
corpo se vista de folha de papel
E voe para o mar
E fique eternamente no
mar
Tenho medo que os meus
lábios
Machuquem o teu corpo
Quando é meia-noite
E tenho nas mãos o desejo
Tenho medo
Tenho medo que seja
meia-noite
E que o teu corpo se
confunda com um beijo
Tela adormecida na parede
do teu olhar
Não tem nome
Ele
Não tenho nome
Eu
Meia-noite no teu corpo
Meia-noite de prazer
Quando numa outra longínqua
meia-noite
Te peguei devagarinho
Tão devagarinho que a
Terra parou de girar…
E o teu corpo ficou
eternamente meia-noite
24/09/2023
Pego no teu cabelo
Sonâmbulo acordar da
manhã
Pego no teu cabelo e
lanço-o ao vento
Como se fosse uma semente
Ou um pedaço do meu
pensamento
Como se fosse um corpo
que não sente
Indolor dentro deste
pequeno cubo de silêncio
Pego no teu cabelo e lanço-o
ao vento
Primeira lágrima da manhã
Que me mente
E me diz que não habita o
sofrimento
Nos teus olhos de mar
Neste velho jardim com
sabor a mágoa
Pego no teu cabelo
Pedaço de vinho
Neste cálice doirado
Pego no teu cabelo
abençoado
Que voa sobre o luar
Sem perceber que na minha
mão
Brinca o Outono
Pego no teu cabelo
Sonâmbulo acordar da manhã
Janela virada para o mar
Quando as algas são as
Princesas da preia-mar
Que no teu cabelo eram
crianças… crianças de brincar.
24/09/2023
Meia-luz da luz que o dia consome
Na luz que o dia lança ao
mar
Quando não tem fome
Meia-luz incendeia a tua
mão
Na tua mão meia-luz
Da meia-luz do coração
Na meia-luz do teu olhar
Meia-luz que o dia abraça
Meia-luz de medo
Nas profundezas desta
barcaça
Em meia-luz e contraluz
da desgraça
Na meia-luz que não tem
graça
Meia-luz que o dia
consome
Na outra meia-luz que o
dia vomita
Porque a cada meia-luz
sem nome
É meia-luz em fome
Na meia-luz que não dorme
Na meia-luz que levita
Meia-luz no teu olhar
Do teu olhar meia-luz de
mar
Mei luz que o dia consome
Da meia-luz que o dia
come
Sem segredar à outra
meia-luz
Que em cada meia-luz há uma
outra meia-luz com fome
23/09/2023