Eu podia ser tudo
Não o fui
Nem de tudo de muito
Nem de pouco de tudo,
Não importa,
Eu podia ser tudo
Não o fui
Podia ser marinheiro
Cançonetista ambulante
Vendedor de arte e outros
afins…
E não
Não o fui
Nem o serei.
Olha
Podia ser artista
E assim não passava a
noite a olhar para os furos dela
E dela
Não a outra
Refiro-me a uma viga.
Podia ser astronauta
Medidor e orçamentista de
nocturnas paisagens e afins…
E não,
Não o fui
Nem o serei.
Podia ser tudo
E não o fui
Nem o serei
Podia ser pássaro
E assim cagava na cabeça
de algumas pessoas…
E claro
Podia ser borboleta
Com bolinhas
Retrovisor
E airbag circular direito…
E não
Não o fui
Nem o serei.
Quero lá eu ser tudo…
Quando posso ser nada.
(já agora, foram as
minhas mãos que elaboraram o desenho em anexo; com os devidos respeitos,
Atenciosamente,
Francisco, Terreiro do Paço,
02/06/2023)