Abraça-te aos meus braços
de insónia
Quando o poema cresce nos
meus lábios
Das palavras
As flores perfumadas
Dos teus olhos de amanhecer
Abraça-te ao silêncio da
minha boca
Desta palavra envenenada
Cinzenta nuvem que poisas
em mim
E não se cansa de crescer
Abraça-te às minhas
tristes madrugadas
Dos poemas escritos
Dos poemas não lidos
Abraça-te aos meus braços
de insónia
Abraça-te às tardes
masturbadas
Do beijo que voa sobre o
mar
Abraça-te às estrelas que
habitam nos meus olhos
Rio curvilíneo
Da paixão entre parêntesis
Ao quadrado do cubo
A mão que afaga o meu
rosto
Do Inverno escondido
Abraça-te à sombra de luz
que me abraça
Quando a noite em gemidos
Dos abraços
O poema pertence aos meus
lábios
Abraça-te pedacinho de
mar
Fotão das noites em
delírio
Abraça-te a este poema
Com fome
Com frio…
Abraça-te às minhas lágrimas
de sono
Quando a noite pertence
ao infinito
Abraça-te aos meus braços
de insónia
Das palavras que morrem
Nas palavras que crescem
E brincam
Nos teus lábios de mel
Abraça-te aos meus braços
de insónia
Quando o poema cresce nos
meus lábios
Das palavras
As flores perfumadas
Dos teus olhos de amanhecer
Nos teus olhos as minhas
palavras.
Francisco
28/05/2023