Pega na tua melhor roupa
E veste-a.
Depois
Procura a espingarda de
tinta permanente,
Uma pequena folha em
papel…
E dispara.
Mata tudo aquilo que dentro
de ti habita,
Dispara,
Dispara…
E suicida-te na paixão
das palavras.
Não tenhas medo de morrer…
Não tenhas medo em morrer
acorrentado às palavras,
Dispara,
Mata;
Mata tudo aquilo brilha
quando nasce o dia…
Mata e dispara
Puxa o gatilho
Porra
Mata-me
Caneta dum caralho.
Veste a tua melhor roupa.
Penteia-te e barbeia-te,
Calça os teus melhores
sapatos,
Depois,
Puxa de um cigarro,
Acende o cigarro,
E dispara,
Mata tudo,
Mata.
Mata todos os poemas de merda
que escreveste.
Não tenhas medo de puxar
o gatilho da tua esferográfica…
Mata.
Mata-te.
Mata-os e mata as flores
do teu canteiro sonolento,
Dispara,
Não tenhas medo de
disparar essa velha espingarda,
Não tenhas medo de o
fazer,
Mata tudo.
E depois mata-te…
Puxando o gatilho de
tinta permanente.
Francisco
16/04/2023