Girassóis
Palavras que o vento
escreve
Palavras que o vento
lança
No peito de uma criança
Girassóis
Dos corpos celestes
Aos corpos circunflexos
da insónia
Quiçá amanhã esteja sol
Quiçá amanhã seja
Primavera
E enquanto procuro as tuas
lágrimas
Quiçá
Amanhã seja segunda-feira
Girassóis comestíveis
Girassóis ensonados
Com espinafres
E ovos estrelados
Quiçá amanhã morra
De qualquer coisa
Senhor
Meu senhor
Quiçá
Quiçá depois da meia-noite
Que feliz quiçá
Enquanto dormem debaixo
das pontes
Todos os sonhos
Quiçá
De uma meninice ausente
Antes de mim
Antes de tudo
Os girassóis
Que folheio como poemas
Quiçá sem destino
Esses poemas que ardem
Que vomitam silêncios
E dos girassóis
Quiçá
Amanhã
Amanhã ele morra
O poeta e a poesia
O poeta
Quiçá
Ao nascer do dia
Alijó, 02/04/2023
Francisco