Se eu pudesse,
Desenhava o sol no teu
olhar
Quando a manhã fria e
submersa na minha mão
Corre calçada abaixo em
direcção ao mar,
Se eu pudesse,
Poisava o luar nos teus
seios prateados
Que durante a noite
procuram os meus lábios…
Meus lábios… amordaçados,
Se eu pudesse,
Escrevia no teu corpo
invisível das nocturnas noites em desejo,
Quando da janela do teu
olhar
Regressam a mim as
Primaveras em flor,
E num silêncio beijo
Erguia do chão as
lágrimas de chorar,
E todas as palavras
semeadas no teu púbis amanhecer,
Se eu pudesse,
Cantar, escrever, sonhar…
ou voar na tua boca,
O sol que te vou dar,
O luar que em ti vou poisar,
Se eu pudesse adormecer,
Apenas…
Enquanto as sílabas
estonteantes
Brincam nesta pequena
folha em papel amarrotado…
Ai se eu pudesse…
Colher todas as flores
deste jardim
E libertar todos os
pássaros aprisionados,
Abraçar-te,
E por fim,
Pincelar o teu corpo com os
poemas da madrugada,
Se eu pudesse, enfim…
Tudo o que desejo,
Tudo…
Sem mais nada,
Do sonho, acordava…
E tudo o que eu queria,
Que eu sonhava…
Já o faço,
Faço-o a cada dia.
Alijó, 02/02/2023
Francisco