Sabes,
meu amor,
As
fechaduras do cansaço dormem nas tuas mãos,
Os
pássaros, as abelhas, escrevem nos teus lábios de amêndoa o pólen da paixão,
E,
as ribeiras, são canções de solidão,
Palavras
envenenadas pelo vento,
A
praia onde poisas o teu perfume.
Sabes,
meu amor,
Os
triângulos da saudade, a trigonometria da saudade,
O
perfeito cansaço da manhã,
Quando
nos teus braços me deito,
E,
durmo docemente como um poema.
A
noite veste-se de negrito acrílico,
Desenho-te,
nua,
E,
acredito que as montanhas têm paciência para me ouvirem.
Oiço
as areias finas do Mussulo,
Os
barcos e as caravelas,
Deitados
na praia da infância,
A
morte, regressa sem nome, idade ou sexo…
Sou
assim, porque te amo,
Dentro
destes livros calcinados pela ânsia de partir…
Chegar,
Ou
sorrir.es, meu amor,
Sabes,
meu amor,
As
flores do nosso jardim, aquelas que plantamos na Primavera, cresceram, já falam
e, gritam por ti; a fuga da serpente quando morre um triste cágado de suplante sargaço.
Sabes,
meu amor,
A
tristeza de te amar em silêncio,
Quando
lá fora, tudo dorme,
E,
não posso mais gritar; amo-te.
Ai…
como são lindas as tulipas do teu cabelo,
Ai…
como são lindos os abraços do teu sorriso…
E,
no entanto, a noite cai sobre nós,
E,
uma cama de sono nos espera.
As
fechaduras são eternas.
Francisco
Luís Fontinha
28/04/2020