És
as asas dos meus sonhos.
Os
lábios pincelados da minha janela,
És
a canção do meu sorriso,
Poema
sem jeito, barco, barcaça, caravela,
És
o silêncio da minha cidade,
Palavras
semeadas na minha aldeia,
És
o Sol sem juízo,
Nas
noites de Primavera.
És
a voz trémula dos sinos em descanso,
O
mar calcetado pela esperança,
És
o Rossio em demanda,
Passeando
na calçada,
És
gaivota,
Madrugada.
És
a fala amestrada
Das
noites choradas,
Beijo
na despedida,
És
o corpo ausente
Das
varandas envenenadas
Pelas
abelhas do nada.
Pelas
abelhas da Ira.
És
o oiro,
Verso
em construção,
És
o mar salgada da insónia,
Quando
absorve o teu corpo na alvorada.
És
rochedo,
Medo,
Palavra
brava…
És
a janela,
A
porta,
Da
cidade sem nome,
Que
privilegia as flores do cansaço.
És
rio,
Riacho,
És
o calendário da insónia,
Nome,
Morada,
Das
ruas em ebulição.
És
o vento em aflição,
Bandeja
de esplanada,
És
tudo.
Não
és nada.
És
beijo e desejada.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
08/05/2020
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