A
lua com todo o seu esplendor
Poisada
sobre o desejo da melancolia
A
vida parece uma cidade em ruinas
Sem
habitantes
Na
penumbra do silêncio
Inventando
pedacinhos de alegria
E
beijos em papel colorido
O
amor sofrido
Querido
Na
sombra das árvores sem destino
O
menino
Agachado
nas pedras da infância
A
lua dorme
Tu
Tu
dormes nos braços da lua
E
não sei quando acordarás…
Ou
se algum dia vais acordar
Dos
sonhos sem projecto
Nos
momentos recheados de insónia
Poisada
Sobre
o desejo
A
lua com todo o seu esplendor
Nas
tristes palavras de amor
Esquecida
nas marés do mar
Sentindo
o peso da minha mão
Empunhando
uma caneta
Torta
Feia
E
triste
A
corda do enforcado envolvendo o meu pescoço
Tenho
um frágil esqueleto
Que
mais parede em porcelana
Da
fina
Pura
Ínfima
Minerais
acesos nos meus lábios incinerados
Sobre
a cama
Todo
o dia
Toda
a semana
Tu
enforcas-te
Eu
enforco-me…
Ele
não se enforcou
Alegre
Feliz
Desiste
Assiste
ao desmoronar dos edifícios negros
Em
queda livre
Com
direcção ao mar
Como
é triste amar!
Como
é triste ser amado…!
Como
é triste ver a lua com todo o seu esplendor poisada nos teus seios sem os
acariciar…
Como
é triste…
Como
é triste amar!
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
domingo,
13 de Dezembro de 2015