Há uma cidade no
teu corpo,
uma cidade proibida,
uma cidade com lábios de despedida,
há uma rua
pequenina, uma rua com sorriso de menina...
há no teu corpo
janelas com vidraças de cansaço,
edifícios
abstractos, e portas de entrada sem saída,
há uma cidade no
teu corpo,
a cidade de aço,
uma cidade com um
beijo morto,
Alicerçam-se as
algas nos teus magoados cabelos suspensos no vento...
E a cidade do teu
corpo..., é uma cidade de sofrimento,
entre linhas, entre
palavras, com sabor a neblina,
há uma cidade
preguiçosa no teu corpo,
a cidade eterna, a
cidade sem alimento,
Nesta cidade, a
cidade que habita no teu corpo, há um mendigo sem sina,
uma estrada
longínqua, um rio insípido mergulhado na tua mão,
quero esta cidade, a
minha cidade,
quero o teu
encerrado coração,
Alicerçam-se as
algas nos teus magoados cabelos suspensos no vento...
Há uma cidade no
teu corpo que invento,
proibida, proibida
como os cacilheiros adormecidos,
a cidade que
fervilha,
a cidade que me
deseja, e me transporta para os infinitos rochedos,
há uma cidade com
bocas, com línguas... com... com medos,
uma cidade de
torpedos,
vadia, proibida...
uma cidade com esqueletos esquecidos...
(Alicerçam-se as
algas nos teus magoados cabelos suspensos no vento...)
que dormem nos teus
braços de papel amarrotado.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 22 de Junho
de 2014