Percebo a insónia tua quando abres a
janela do desejo, e voas, e evaporas-te como uma gaivota clandestina,
sem nome, apenas... só,
percebo nos teus olhos a tristeza das
tuas lágrimas, livres como a Primavera, e voas, e só...
sinto em ti o cansaço do corpo que
espera o clarear da madrugada,
oiço a tua voz de cristal... e sei, e
sei que habitas na minha mão,
escrevo no teu rosto as palavras não
escritas, as palavras invisíveis... e só, só...
percebo que na tua voz existe
melancolia, amargura, livros, livros em pedaços de lume,
percebo que há pétalas coloridas, e
que há outras tão negras, negras... tão negras como a noite,
tão negras como os teus cabelos em
silêncio... e só, e só, que tudo percebo.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 1 de Abril de 2014