terça-feira, 1 de abril de 2014

Gaivota clandestina


Percebo a insónia tua quando abres a janela do desejo, e voas, e evaporas-te como uma gaivota clandestina, sem nome, apenas... só,
percebo nos teus olhos a tristeza das tuas lágrimas, livres como a Primavera, e voas, e só...
sinto em ti o cansaço do corpo que espera o clarear da madrugada,
oiço a tua voz de cristal... e sei, e sei que habitas na minha mão,
escrevo no teu rosto as palavras não escritas, as palavras invisíveis... e só, só...
percebo que na tua voz existe melancolia, amargura, livros, livros em pedaços de lume,
percebo que há pétalas coloridas, e que há outras tão negras, negras... tão negras como a noite,
tão negras como os teus cabelos em silêncio... e só, e só, que tudo percebo.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 1 de Abril de 2014

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