foto de: A&M ART and Photos
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Sou absorvido pelos tentáculos da
insónia,
dou-me conta da noite triste,
confusa, e só...
pertenço às paredes límpidas da
solidão fantasma, às vezes, ela, veste-se de livro,
e dorme na minha mão disfarçada de
rocha ensanguentada com dentes de leão,
outras, ela parece o cortinado
inanimado da minha janela sem fotografia para o mar,
Sou absorvido por barcos longínquos
das tardes de cacimbo,
sou o portão de entrada do quintal
imaginário rodeado de mangueiras e sombras,
oiço o sorriso do embondeiro a
sobrevoar o meu olhar, e sei que estou vivo porque alguém pega na
minha mão de menino e diz-me que sou filho do Oceano,
sou absorvido por tudo e por nada,
pelas palavras, e pelas montanhas, e
pelas ardósias envergonhadas do desejo,
sou... pelos tentáculos da insónia,
E.. e dos beijos,
sou um cadáver sem nome,
e enquanto era absorvido... sei lá por
quem eu era absorvido!
mãos, pernas, braços, caricias,
loucas caricias de mãos desconhecidas,
e no entanto, ainda pertenço aos
indefinidos corações de incenso com borboletas cinzentas...
e bocas, absorvido por bocas famintas.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 30 de Março de 2014