foto de: A&M ART and Photos
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libertem-me
desamarrem-me todas as cordas
imaginárias da velha cidade das insónias
dêem-me livros em drageias
palavras injectáveis
folhas de vidro com janelas em papel
libertem-me
digam-me como se habita no sótão da
solidão
porque voam os pássaros sobre os teus
cabelos
se...
se as palavras injectáveis dormem na
tua mão
se...
se as drageias saboreiam os teus lábios
de alecrim
(libertem-me
e desamarrem-me...
como fazem aos barcos antes de
zarparem)
libertem-me
e deixem-me viver num banco de jardim
diz-me como são os tectos do desejo
quando passeias junto ao mar
diz-me como são as gaivotas que poisam
no peitoril dos teus seios de melancolia
libertem-me
digam-me
diz-me...
se vale a pena subir à árvore do
amor...
… se o amor é apenas uma lareira
cansada de arder
como lágrimas
como viver...
como ser o rosto daquela que chora e
ama... e morre
(e morre sem sofrer...)
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 21 de Fevereiro de 2014