foto de: A&M ART and Photos
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Sabíamos que a noite pertencia aos
pilares de areia,
tínhamos nos nossos corações pedaços
de papel,
algumas palavras incompreendidas,
palavras... palavras tristes, palavras
magoadas,
e versos em construção no interior
das nossas veias,
Sabíamos que existia o amanhecer,
que éramos só nós os únicos
habitantes da cidade da solidão,
sabíamos que o mar nunca, que o mar
nunca nos ia pertencer,
e mesmo assim, desconhecendo a
madrugada e mesmo assim... sonhávamos,
como cigarros a arder,
Sabíamos que em todas as igrejas do
nosso corpo poeirento uma nuvem de lágrimas brincava,
que nas nossas mãos existiam palavras
e palavras magoadas,
corríamos como comboios desgovernados
de encontro às portas do inferno,
tanto, tanto, tanto... tanto sofrimento
no tecto do luar, tanto, tanto calor nos lençóis da esperança,
que um dia descobri que não te amava,
Tínhamos imagens negras suspensas nas
paredes de gesso do nosso imaginário,
brincávamos às escondidas,
escrevíamos palavras, palavras
magoadas, palavras tristes, palavras nuas das Cinderelas palavras,
palavras entre palavras,
… nas tuas palavras em mim corpo de
geada procurando o busto lendário,
Pedaços de papel,
abelhas que desenhavam o céu nos
nossos braços picados por... palavras magoadas,
e sonhávamos,
e... e tínhamos nas pálpebras
coloridas do incenso os cristais do amor,
e sabíamos e tínhamos... e queríamos
fugir para o infinito como duas rectas paralelas em alegre pastel,
havia uma tela, uma velha tela... com sabor a mel.
(e a tela da vida arde como ardem os
livros de poesia dentro do teu e do meu e deles... corpos de gel
perdidos numa esquina de luz)
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2014
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