foto de: A&M ART and Photos
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todos os dias acordo imaginando viver
nas minhas mãos a tempestade nocturna dos perfumes invisíveis,
todos os dias vejo a escuridão das
manhãs envergonhadas,
sós, fingindo sofrimento e geadas,
todos os dias as palavras inaudíveis,
os néones vestidos de cansaço sobre a
ponte de aço,
todos os dias acordo imaginando...
a saudade, a morte à janela sonhando,
todos os dias a louca cidade,
quando procuramos um simples abraço,
e da maré vem a mim o disfarce da
melódica canção de adormecer...
todos os dias não consigo rezar,
não o sei,
e não o faço...
por não acreditar,
porque sou um esqueleto filho do mar,
todos os dias viajo na tua simples
calçada,
desço a rua,
sinto-te descalça, vaiada...
todos os dias sei que crescem os
pássaros sobre os teus cabelos de maré...
eu sem fé,
tu... tu perguntas-me todos os dias,
e não o faço,
por não acreditar,
porque desejas o céu quando a lua tem
luar?
porque desejas as sílabas encarnadas?
se o amanhecer tem cor, tem fome...
tem... todos os dias o teu nome,
todos os dias as janelas cerradas.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2014
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