foto de: A&M ART and Photos
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os triângulos insectos que o
sofrimento padece
quando lhe pertencem as tuas mãos de
andorinha selvagem
os senos inventados dos lábios em
engrenagens que à tua boca atracam
e se afundam como serpentes cordas em
nylon emagrecido que a madrugada alimenta
os triângulos insectos que se
alicerçam ao teu peito
bebíamos pétalas de silêncio em
efusão de sílabas desastradas como pedras de calçada...
havíamos roubado todos os barcos
naufragados das avenidas embriagadas
entravam em nós marinheiros e meninas
de mini-saia doirada com círculos encarnados
pensávamos que era o rosto da lua
mas a lua nunca foi encarnada
mas a lua nunca pertenceu aos barcos
envergonhados das avenidas embriagadas...
então?
(os cossenos dos teus seios dentro de
tristes equações diferenciais
depois
havíamos roubado todos os barcos
naufragados das avenidas embriagadas
e ficávamos com as tangentes do
sofrimento que sobejavam das flores do medo...)
então
então pensávamos que o seno
hiperbólico da saudade vivia no mesmo quarto que os beijos cansados
dos triângulos insectos em teus
cabelos mergulhados na geada cristalina da montanha dos peixes...
então...
então víamos o regresso da paixão em
ensonadas linhas paralelas
então...
ouvíamos os uivos grunhidos dos corpos
em movimento uniformemente acelerado
parávamos em frente aos telhados de
zincos dos guindastes da pobreza...
então...
então percebíamos que as palavras
escritas nos quadriculados cadernos...
eram os encarnados círculos
disfarçados de cossenos parvos
disfarçados de senos loucos que a
trigonometria inventou para nós...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 23 de Novembro de 2013