foto de: A&M ART and Photos
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dos lençóis da tristeza oiço os
murmúrios que o cansaço deixa em mim
como conchas de sono pregadas na parede
do desejo
o espelho que absorve os teus olhos é
duplicado em migalhas de prata
e submergem
e suicidam-se
e não percebes que as entradas no
silêncio o são proibidas
… inacessíveis
tristes
as nuvens castanhas com sabor a solução
de luminol...
tangencias rectas crucificadas em
ângulos trigonometricamente invisíveis
absortas
húmidas
queria ser uma sombra em granito
rompendo os soluços da noite
queria ser volátil
flor artificial junto à tua lápide
queria ser o túnel de vento
o buraco de minhoca
a teoria do caos...
a borboleta batendo as asas
e lá longe
os teus seios cintilando como avelãs
nozes
e fotografias envenenadas pelas
lâmpadas de mármore
(não não tenho sorte nenhuma)
os triângulos da tua voz
são como grãos de areia mergulhados
em sílabas melódicas
há conversas parvas entre copos de
cerveja e perfume de vodka que um marinheiro Russo esqueceu na
algibeira de um cargueiro com contentores de insónia
tenho medo de te encontrar e não
entender o amanhecer que vive em ti
tenho medo do medo
medo de te amar e não saber que te amo
se é apenas amizade
vergonha de viver
ou... palavras apenas palavras
sobejadas sobre a mesa da cozinha
dos lençóis da tristeza oiço os
murmúrios que o cansaço deixa em mim
como conchas de sono pregadas na parede
do desejo
(P.S. Amo os Pop Del Arte... como se eu fosse uma
munição de areia e me entranhasse nos cobertores frios do teu corpo
de solstício louco, lá fora chove, e eu quase que quero desaparecer
sobre as árvores inconstantes da tua garganta, grito o teu nome, não
percebem que existe um vagabundo igual a mim, que sofre, que ama, que
vive fingindo viver... )
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 18 de Outubro de 2013