sábado, 9 de outubro de 2021

As palavras do desejo

 

Era um sábado invejoso

Solitário

E sem nome.

Sob mim

Tinha as escondidas palavras do desejo

Que inseminaram a noite obscura

De uma sexta-feira

Ingénua.

Havia uma canção

Que sobrevoava os seios da tempestade,

Onde um pedaço de literatura

Chorava a saudade.

Sorria em pleno desejo;

Escrevia no tecto do silêncio

Os poemas perdidos,

Longínquos

E

Desajeitados.

Morria de sono.

Equações de luz

Jaziam sobre a cama de sémen

Da mulher desejada,

Porque lá fora,

A água dos pássaros

Pertencia à noite em construção.

Ama o corpo

Das abelhas

E do púbis em flor…

Nunca esqueças o teu nome,

Desejo,

Silêncio

E pedaços de mar

E amor.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 09/10/2021

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Equações de prazer

 

Calculo a raiz quadrada

Do desejo,

Obtenho a paixão,

Multiplico-a pela derivada

Do beijo,

Subtraio os versos da minha mão;

E, meu Deus,

Sem o saber,

Obtenho uma canção.

Entre calcular

E escrever,

Prefiro o pintar,

Prefiro acariciar a tua pele de equação tangente

À curva do teu corpo,

Sabendo que toda a gente,

Sabe desenhar;

E ela, sem o perceber,

Sente,

Sente o mar a correr.

Sente nos lábios o beijo,

Depois de verificar

Que a integral da insónia

É apenas a área sombreada do púbis,

Elevado ao quadrado,

Seno da luz amar

Que brinca dentro de um trapézio.

Escrevo no pavimento térreo

Das tuas coxas,

O eterno sonífero das manhãs ensonadas.

Passo as madrugadas

Inventando equações de prazer,

Quando desce do luar,

Sob o tecto do silêncio,

Pequenas quadriculas de saliva,

Correm para o mar.

E, enquanto oiço os teus gemidos,

Vejo um ponto esquecido no espaço tridimensional;

(seios;-beijos,coxas)

Eis as suas coordenadas.

Cerro os olhos,

Desligo os electrões que iluminam o meu cansaço…

E,

Percebo que és uma equação diferencial ordinária.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó. 30/09/2021

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

São canções são beijo São sexo são bruma

 

Todos os nomes

São sombras de néon

Sobre a praia da saudade.

Todas as palavras que me escrevem

Pertencem aos teus lábios

De maré adormecida.

Todos os versos,

Esses,

São a voz rouca do meu esqueleto sem nome,

Aquele que pertence à pequena equação de areia,

Junto às dunas da insónia.

Dos gemidos da tua boca

Emerge até à montanha

Um finíssimo fio de sémen,

Raízes,

Árvores caducas

Que se escondem na neblina;

Pertenço, assim, aos cubos e triângulos

Das esplanadas da loucura,

Sempre que acorda o dia.

Todos os nomes

São sombras de néon

Sobre a praia da saudade,

São pedras de desejo,

Rios de espuma.

São canções são beijo

São sexo são bruma.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 29/09/2021