segunda-feira, 15 de abril de 2019

Noites de desassossego


Flor do meu jardim,

Palavras do meu verso,

Página do meu livro,

Vento que amachuca o meu corpo,

E folheia o livro que és tu…

Nuvem minha paixão,

Tempestade do deserto,

Pôr-do-Sol do meu sonhar,

Nos finais de tarde junto ao mar.

Papel onde escrevo,

Retracto do meu espelho…

Flor do meu jardim,

Nas noites de desassossego.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

15/04/2019

domingo, 14 de abril de 2019

Recordações


Recordações,

Equações diferenciais em construção,

Pedaços de silêncio suspensos numa mão,

A mão que assassina, a mão que escreve,

E nunca esquece, as planícies da minha infância.

Recordações,

Pequenos livros em promoção,

Livraria UNI VERSO,

Sempre em verso,

Nas palavras corações,

Nas palavras a clemência…

O silêncio verso,

O silêncio amanhecer,

De escrever,

Morrer…

Sem perceber,

Os dias da semana.

A fome em pedaços, em prestações,

O papel amarrotado,

Coitado, do papel, amarrotado,

Como as plantas,

Envenenadas pela voz da razão.

Um coração palpita,

Grita…

Junto ao mar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

14/04/2019

A enxada da vida


Trago nas mãos a enxada da vida,

Tenho nas mãos o silêncio da vida,

Tenho no meu corpo o círculo da vida,

Sem viver, esta vida de sofrer.

Trago nos lábios o sofrimento de respirar,

O ar purificado das planícies perpendiculares ao quadrado…

Quando durmo, e não consigo sonhar.

Trago em mim todas as flores do teu jardim,

Todas as árvores do teu cabelo…

Caminhando pela cidade.

Trago em mim todos os barcos, todas as marés do teu sorriso…

Dançando na chuva,

Brincando na chuva,

Como uma criança sem nome.

Trago em mim todas as palavras que te vou dizer,

Numa tarde de vento,

Junto ao rio a correr…

Trago em mim todos os socalcos do Douro,

Todas as sombras do Douro…

Quando nasce o Sol, quando nasce a saudade de te beijar.

Trago em mim os livros que vamos ler,

À lareira,

Enquanto pego na tua mão…

E nela, semeio as palavras que não tenho coragem de te dizer,

Apenas escrevo,

Que trago em mim todo o meu saber.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

14/04/2019