Uma
caneta de espuma dispara contra mim a bala da saudade.
Traz
dentro de si o amor das noites mórbidas,
Que
habitam nesta velha cidade.
Embrulho-me
no papel amarrotado pelo sonho, escrevo-me como se fosse o último banho antes
de partir,
Entrelaço
as mãos, e voo em direcção à tempestade,
Sento-me
no teu colo,
Pego
no teu cabelo sombrio, cor de noite, como as serpentes da minha vida, cansadas
de envelhecer em mim…
Sei
que os teus beijos são porcelana de açúcar, rosas mortas no jardim da solidão,
Como
os teus olhos, negros da saudade envelhecida dos relógios engasgados pelo luar…
Habitas-me,
Habitas-me
enquanto eu respirar, e aos poucos, sinto-me deslizar montanha abaixo…
E
escondo-me no rio da morte.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
4 de Novembro de 2018