sábado, 9 de setembro de 2017

Poema sofrido


Uma fotografia para recordar o teu sorriso

Nas manhãs incompreendidas do sofrimento,

Uma lápide onde desenho a tua dor…

Quando amanhece em mim, e, e no infinito vives amargurado,

E sem alimento,

Uma enxada prisioneira no tempo,

Quando aos socalcos regressa o meu corpo cansado…

E vivo ancorado

Neste mundo sem juízo,

 

Alegra-me saber que estás feliz,

E percebes a minha dor…

 

No entardecer do poema sofrido,

 

Uma fotografia,

Cansada da vida,

Uma imagem prateada…

Nas mãos de uma esferográfica,

 

Uma canção esquecida…

Na garganta de uma criança.

 

Não sei o que te dizer!

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 9 de Setembro de 2017

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

7 de Setembro


Tão triste…

As palavras que escrevo

No teu rosto sofrido,

 

Tão triste…

Ser viajante sem regresso

No teu barco perdido.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 7 de Setembro de 2017

domingo, 27 de agosto de 2017

Coração de pedra


Todas as torres têm vertigens,

Nos teus olhos brincam as searas encantadas da tarde,

Ultraje, viagem desassossegada ao infinito,

No medo, no cansaço de te perder nos lençóis da dor…

Como uma serpente acorrentada, só, dentro de casa,

O feitiço obscuro das tuas mãos, além o indesejado coração de pedra…

Triste, e frio como a geada,

Suspenso em cada madrugada,

 

A fotografia prateada, esquecida em cima da secretária, os livros enervam-me, e oiço o cantar das personagens antes de nascer o dia,

A morte traz a noite, a noite constrói a dor, e o sofrimento alimenta-se das tuas pálpebras de granito,

 

Serei o teu guardião das noites mal dormidas, o esqueleto de xisto que habita no teu peito, sempre ofegante, sempre engasgado pelo sonâmbulo cacimbo,

E na sanzala há uma esfera límpida de carvão…

Como são todos os cigarros que me acompanham,

Sinto a despedida,

Sinto a partida…

 

Até que um dia nascerá o sol, e tudo são apenas más recordações, papéis velhos e alguns trapos de Inverno,

 

Tudo cessa,

Como cessam as cordas da forca antes do enforcado se despedir da mãe.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 27 de Agosto de 2017