Todas
as torres têm vertigens,
Nos
teus olhos brincam as searas encantadas da tarde,
Ultraje,
viagem desassossegada ao infinito,
No
medo, no cansaço de te perder nos lençóis da dor…
Como
uma serpente acorrentada, só, dentro de casa,
O
feitiço obscuro das tuas mãos, além o indesejado coração de pedra…
Triste,
e frio como a geada,
Suspenso
em cada madrugada,
A
fotografia prateada, esquecida em cima da secretária, os livros enervam-me, e
oiço o cantar das personagens antes de nascer o dia,
A
morte traz a noite, a noite constrói a dor, e o sofrimento alimenta-se das tuas
pálpebras de granito,
Serei
o teu guardião das noites mal dormidas, o esqueleto de xisto que habita no teu
peito, sempre ofegante, sempre engasgado pelo sonâmbulo cacimbo,
E
na sanzala há uma esfera límpida de carvão…
Como
são todos os cigarros que me acompanham,
Sinto
a despedida,
Sinto
a partida…
Até
que um dia nascerá o sol, e tudo são apenas más recordações, papéis velhos e
alguns trapos de Inverno,
Tudo
cessa,
Como
cessam as cordas da forca antes do enforcado se despedir da mãe.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
27 de Agosto de 2017
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