quarta-feira, 18 de maio de 2016

A melancolia da saudade


O cansaço absorve-me entre parêntesis de silêncio

E vírgulas de tristeza,

Por mais que eu queira…

Não consigo colocar o ponto final na escuridão nocturna,

Olho-te e vejo-te disfarçada de ponto de exclamação…

Ponto e vírgula quando acorda o dia,

E lá longe, muito longe daqui… oiço os apitos do ponto de interrogação,

Confundo-me com as palavras,

Disfarço e dou por terminado o texto…

Ponto final,

Paragrafo,

E o dia enrola-se na melancolia da saudade.

 

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 18 de Maio de 2016

terça-feira, 17 de maio de 2016

Paisagens do sono


A paisagem despede-se de mim.

Sinto as estrelas poisarem em cada gotícula de suor do teu corpo,

Deito sobre ele a minha desnorteada cabeça,

E regressa o sono do Oriente…

Sonho com pássaros,

Sonho com barcos,

Ínfimas imagens travestidas de loucura absorvem-me,

E sou forçado a fugir para outras paragens sem escuridão.

 

 

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 17 de Maio de 2016

domingo, 15 de maio de 2016

Lábios sonâmbulos


Hei-de construir um barco que voe…

Sobre os sobreiros da minha alma,

Hei-de desenhar um pássaro que navegue…

Nas ténues águas do meu corpo,

Como eu adoro habitar no silêncio…!

Arrancar todas as amarras da tarde

Que um louco relógio de pulso alicerçou ao meu peito,

A espuma do teu olhar enfeitado de amêndoas e flores,

O remorso da paixão absorvida pela solidão

Dos quintais de areia…

Hei-de construir um coração

Com as lâminas dos teus beijos,

Abraçar-te na escuridão depois de partir a noite,

E dizer-te baixinho… e dizer-te baixinho que amanhã há sonhos,

Palavras,

Livros com sabor a medo,

E na confusão do dia…

Hei-de construir um barco…

Um barco com lábios sonâmbulos.

 

Francisco Luís Fontinha

domingo, 15 de Maio de 2016