Hei-de
construir um barco que voe…
Sobre
os sobreiros da minha alma,
Hei-de
desenhar um pássaro que navegue…
Nas
ténues águas do meu corpo,
Como
eu adoro habitar no silêncio…!
Arrancar
todas as amarras da tarde
Que
um louco relógio de pulso alicerçou ao meu peito,
A
espuma do teu olhar enfeitado de amêndoas e flores,
O
remorso da paixão absorvida pela solidão
Dos
quintais de areia…
Hei-de
construir um coração
Com
as lâminas dos teus beijos,
Abraçar-te
na escuridão depois de partir a noite,
E
dizer-te baixinho… e dizer-te baixinho que amanhã há sonhos,
Palavras,
Livros
com sabor a medo,
E
na confusão do dia…
Hei-de
construir um barco…
Um
barco com lábios sonâmbulos.
Francisco
Luís Fontinha
domingo,
15 de Maio de 2016
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