sábado, 18 de julho de 2015

Cieiro da madrugada


Não me sinto desenhado neste rio sem nome,

Não sinto no meu corpo o cieiro da madrugada,

 

A fome…

As mãos da manhã amada,

Não sinto nada,

Não me sinto aprisionado a esta tarde envenenada,

A fome…

A palavra…

Não o sinto,

Não me sinto desenhado,

Esculpido no rochedo da dor,

Não há livros em mim,

Ou flor,

Que alimentem este cansaço,

 

Ou matem este amor.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 18 de Julho de 2015

Impostor


Não me conheço neste espelho desventrado pela dor,

Não mereço o teu sorriso,

Misturado nos orgasmos em delírio com a minha ausência,

Com a minha dor,

Pertences ao silêncio das rochas apaixonadas,

Suspendo-me nos teus lábios,

Galgo as montanhas dos marinheiros sonolentos,

Sem rumo,

No espelho…

Impostor

Amor

Sem pertencer aos Oceanos de medusas desenhadas nos teus seios,

 

É tarde,

Não te pertenço,

Não me pertenço,

Sou um palhaço sem dono,

Um circo arruinado,

A arte…

Arde no meu peito de cerâmica envenenada,

E sem rumo,

 

Sou um falhado.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 18 de Julho de 2015

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Metamorfose


Este silêncio na morte do cansaço,

Os vampiros das geadas nocturnas sem identidade,

Oceanos em metamorfose cilíndrica,

Flores rebeldes passeando junto ao rio,

É isto a vida?

 

A liberdade…

 

É esta a minha cidade?

Onde habita a madrugada

Que brincava no meu olhar?

É este o rochedo do meu mar…

Sem barcos para conversar,

Sem portos para aportar,

 

Oceanos em metamorfose cilíndrica,

 

Árvores caducas

Agachadas na sombra púrpura da solidão,

 

A liberdade…

 

A vida disfarçada de livro poeirento

Numa qualquer janela,

Esperando o regresso do vento,

Esperando os apitos da triste caravela,

 

A liberdade…

 

Não poisará mais neste Oceano de espuma,

Sem palavras,

Sem cordas onde se agarrar…

 

A vida fingida de um esqueleto de néon.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 17 de Julho de 2015