segunda-feira, 24 de março de 2014

Viagem ao centro dos teus olhos


Verdes pergaminhos do amanhecer amargurado,
cintilantes madrugadas com sabor a desejo,
vagabundas manhãs infestadas de corações de mel,
viajo dentro de ti como os pássaros quando regressa a chuva miudinha,
verdes cansados beijos,
verdes lábios,
… boca dispersa na Primavera das flores campestres,
verdes olhos, verdes... verdes pergaminhos do amanhecer amargurado,
viajante solitário procurando abrigo, e um abraço se levanta do chão,
e dou-me conta que é noite,
cortinados cerrados...
e da tua janela... e da tua janela apenas uma sombra de silêncio.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 24 de Março de 2014

domingo, 23 de março de 2014

Noite em mim aos tentáculos sonoros do meu peito

foto de: A&M ART and Photos

A noite não regressa, a noite é uma prostituta convicta, fã da escuridão,
eu, eu pertenço à noite, os teus lábios são filhos da noite, e as estrelas convencem-te que existe vida nas pedras, que existe vida nas árvores e gaivotas, que existe vida nos velhos cacilheiros...
atiro-me ao rio e procuro as tuas mãos que pertenceram ao meu rosto,
vivo, respiro pigmentos coloridos de saudade, e... e como fã da noite, sofro como sofrem os veleiros quando cessa o vento,

A noite entranha-se em mim, oleia-me os tentáculos sonoros do meu peito,
finjo viver quando lá fora, quando do outro lado da rua... não vivem, não existem...
nem noite, nem estrelas... e apenas uma corda de nylon me aprisiona a este cais poético derramando palavras nas searas de Carvalhais,
e escondia-me dentro do canastro... e sonhava que um dia, eu, eu pertenceria à noite.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 23 de Março de 2014