quarta-feira, 31 de maio de 2023

Temporal

 Erguia-se em ti

O temporal da manhã

Canfora madrugada

Das tuas mãos de fada

Erguia-se em ti

O temporal da manhã

E com ele

Regressavam todos os esqueletos dos poemas escritos durante a noite…

E fiquei sem noite,

 

Erguia-se em ti

O temporal da manhã

Abraçado aos parêntesis da insónia

Erguia-se

Em ti

A manhã

Do temporal dos teus lábios…

Nos teus lábios com estória.

 

 

 

Francisco

31/05/2023

Final de tarde

 Está sol,

Meu amor,

Está sol nos teus olhos,

Está um lindo final de tarde,

Meu amor…, nos teus olhos,

Está sol.

 

Está sol, meu amor,

Está sol nos teus doces lábios de mel…

Está sol neste poema,

Nestas mãos que escrevem este poema…

E diria, meu amor…

(que se fodam as vigas alveolares)

Está sol, meu amor,

Não,

Não está sol nas vigas alveolares…

Mas está sol,

Neste lindo final de tarde.

 

 

 

Luís

31/05/2023

Outro dia

 

O dia de ninguém

Deste dia

Em alegria

Quando o dia…

De alguém

Acorda na esplanada da vida.

 

Deste dia

Um outro dia

Um dia especial…

Quem diria

Que este novo dia…

Seja não apenas mais um dia…

Mas que seja o dia de alguém.

 

 

 

Luís

31/05/2023

Dos teus olhos de mar

 

Aos teus olhos

Ofereço esta madrugada de engano,

Nos teus olhos

Caem as palavras de luz,

Nos teus olhos habita a Primavera sem destino,

Nas mãos do menino,

Dos teus olhos…

Nos olhos do mar.

 

Aos teus olhos

Lanço as estrelas

E as galáxias…

Dos teus olhos,

O silêncio mar,

Do mar que ama,

No mar que deseja…

Os teus olhos.

 

 

 

Luís

31/05/2023

terça-feira, 30 de maio de 2023


 Não vou desistir de nada. Lamento…

À janela

 

À janela

Uma lágrima de espuma

Do teu banho

Na palavra que poisa no teu ventre

Na palavra que morre

Dentro de ti,

 

À janela

Uma lágrima de sono

Nos teus olhos

À janela

Do teu banho

Dentro de ti…

A palavra que te deseja,

 

À janela do teu banho

Em ti a pequena gotícula

Só e sem nada

Do teu banho

A palavra

A palavra dada

Da palavra…

Dentro de ti

A madrugada.

 

 

 

Luís

30/05/2023

Manhã nos teus braços

 

Desta cidade

Desta cidade em despedida

Submarino dos meus braços

Nos cansaços

Desejados

Nos mares navegados

Ruas em descida

Avenida debaixo do braço

Desta partida

Nesta cidade vendida

Desta cidade

Desta avenida…

 

Desta cidade viciada no meu corpo

Que come o meu cabelo durante a noite

Desta cidade apodrecida

De putas e de marinheiros

De barcos e de cacilheiros

Desta cidade

O meu corpo cidade

Fundeado em cada manhã

Nos teus braços,

 

Nesta cidade

Desta cidade sem idade

Nas minhas mãos

Suspensas na claridade de um novo amanhã

Aprisionada em mim

Da cidade

À cidade…

Desta minha cidade

Uma cidade sem jardim

Onde durmo

Onde me escondo…

Desta cidade

Na cidade de mim

Cidade

Que habitas esta cidade

Do meu corpo cidade

No meu corpo em cidade.

 

 

 

Francisco

30/05/2023